São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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Um bom teste para FHC

VALDO CRUZ

Brasília - O governo está prestes a ceder ao apetite dos políticos, mais uma vez. Tudo em nome do principal projeto tucano do momento: aprovar a emenda da reeleição.
A decisão de fechar ou fundir 22 órgãos públicos e estatais a partir de janeiro está sendo bombardeada por políticos aliados que adoram um carguinho e a liberação de uma verbinha.
A pressão chegou a tal ponto que o Palácio do Planalto já avisou sua turma no Congresso que pelo menos dois órgãos devem escapar da guilhotina.
Aqueles que mais despertam paixão nos políticos. O DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) e o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas).
O primeiro é considerado o quintal dos políticos de Minas e Goiás. A presidência do órgão é um cargo quase que vitalício para os mineiros.
O segundo é um reduto dos nordestinos. Os pernambucanos adoram o Dnocs. A indústria da seca ainda rende muito voto no sertão.
Mineiros, goianos e nordestinos serão fundamentais na contagem dos votos necessários para aprovar a emenda da reeleição. Então, a ordem seria não desagradar essa turma.
A possibilidade de mudança nos planos do governo alegrou os políticos aliados. O emprego de afilhados e a verba para suas regiões estariam garantidos no próximo ano.
Mas está irritando uma ala do governo que contava com a medida para reduzir os gastos públicos. Medida fundamental num momento em que as contas públicas estão desequilibradas, pondo em risco o Plano Real a médio prazo.
A decisão final está nas mãos do presidente Fernando Henrique Cardoso, que na semana passada disse não se importar com a posição dos partidos no Congresso sobre a reeleição. "Votem como quiserem", afirmou.
A luta pela sobrevivência de órgãos públicos e estatais é um bom teste para que o presidente FHC mostre se realmente está disposto a seguir ao pé da letra seu discurso. Agora, é aguardar e conferir.

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