São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996
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Religião comunga com budismo

CÉSAR SARTORELLI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Na Buriátia, assim como na Mongólia, xamanismo e budismo lamaísta convivem em harmonia.
O budismo lamaísta começou no Tibete, resultado da fusão da religião xamanística local com o budismo, originário da Índia.
Esse processo se deu no século 8º e é atribuído ao pregador Padmasambhâva. Na Buriátia, o lamaísmo chegou no século 11.
Hereditariedade
Uma característica do xamanismo buriato é ser hereditário. Alguns xamãs se converteram ao budismo e se tornaram grandes lamas, e alguns monges se converteram ao xamanismo.
Atualmente, há xamãs usando conceitos e ritos budistas em situações de sincretismo explícito.
Num almoço na casa de campo de um xamã havia uma mesa posta ao ar livre, com um tradicional altar budista numa ponta.
O xamã tirou um plástico que cobria alguma coisa atrás do altar, suspensa entre postes de madeira. A "coisa" era uma pele de urso, animal de seu clã, de três metros.
Vodca
Antes da refeição, os convidados deram três voltas em torno do totem, oferecendo vodca.
Diferença importante é o budismo trabalhar com imagens do animal, não com sacrifícios, como faz o xamanismo ali praticado.
O consumo de vodca, indispensável nos rituais xamanísticos, e carne não tem similares no budismo, que é abstêmio e vegetariano.
Outra grande diferença é que os monges e, acima de tudo, os lamas devem ser celibatários, o que não ocorre no xamanismo.
O transe é um ponto de união entre as duas práticas. Outro traço comum são as práticas "mágicas" do xamanismo, chamadas de "fenômenos criados pela força da mente" no lamaísmo.
As duas religiões são adeptas da paz e politeístas. As suas práticas espirituais são um caminho para o auto-aperfeiçoamento.
(CS)

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