São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 1996
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Covas, Sarney e Lerner apóiam plebiscito

DA REPORTAGEM LOCAL; DA AGÊNCIA FOLHA

O plebiscito para decidir sobre a possibilidade de haver reeleição para membros do Executivo recebeu apoio do governador paulista, Mário Covas (PSDB), do senador José Sarney (PMDB-AP) e do governador do Paraná, Jaime Lerner (PDT).
A realização do plebiscito foi defendida pela Folha em editorial no último domingo. Emenda constitucional a favor do direito de reeleição, defendida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, está em tramitação no Congresso Nacional.
Covas
Mário Covas disse anteontem que defende "em tese" o plebiscito. Porém, ele acredita ser pouco provável sua realização.
"Defendo o plebiscito em tese, mas não creio que ele vá se viabilizar porque esse assunto vai ganhar velocidade maior, está na iminência de ser votado em janeiro."
As declarações foram feitas em São José do Rio Preto (451 km a noroeste de São Paulo), durante a inauguração de obras do governo estadual.
Covas reafirmou sua posição contra a reeleição e disse que, se a proposta passar no Congresso, não vai disputar um segundo mandato no Palácio dos Bandeirantes.
"Não vejo nenhum mal em ter reeleição, mas, se meu partido fechar a favor, mantenho minha posição", disse.
O governador afirmou ainda que a reeleição deveria ser discutida "um pouco mais adiante, lá no final do governo, como foi feito na Argentina".
Ele disse temer que a discussão sobre a reeleição abandone o nível da idéias e passe a abordar condutas. "A reeleição vai levar a uma discussão sem fim do uso da máquina. Imagine se acontece aqui como nos EUA: o cara pega o avião presidencial e vai fazer comício no Texas. Já imaginou o Fernando Henrique fazer um comício no Rio Grande do Sul?"
Sarney
Presidente do Congresso, José Sarney defendeu a realização de plebiscito sobre o direito de reeleição para os governantes.
"Um plebiscito respaldaria muito qualquer decisão do Congresso. Estabeleceria um núcleo de consenso no país sobre a questão", disse Sarney à Agência Folha em São Luís, onde passa o fim de ano com a família.
O senador elogiou o posicionamento da Folha ao sugerir o plebiscito em lugar de um referendo popular. "A autoridade moral da Folha e a isenção com que sempre trata os problemas do país oferecem um caminho de iniciativa para a discussão da reeleição."
O referendo popular é uma consulta ao eleitorado feita depois que o Congresso deliberar sobre o tema. O plebiscito seria feito antes de a reeleição ser apreciada ou não pelo Legislativo.
Para Sarney, o plebiscito também "encerraria todas as discussões e trocas de acusações que vêm acompanhando o debate sobre reeleição no cenário nacional".
Ele não quis declarar se é contra ou a favor da reeleição para os atuais ocupantes de cargos do Executivo, nem se apóia a reeleição para todos os níveis. Disse preferir acompanhar a posição do PMDB.
Lerner
O governador do Paraná, Jaime Lerner (PDT), também quer um plebiscito.
Ele defende a tese da reeleição em todos os níveis do Executivo (prefeitos, governadores e presidente da República).
Lerner, de acordo com sua assessoria de comunicação, acredita que o dispositivo de reeleição para os atuais ocupantes de cargos executivos tem que passar pelo crivo popular, pois, quando foram eleitos, as regras não o previam.

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