São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Fé deve ser incorporada à vida'

NINA BURLEIGH
DA "GEORGE"

Leia a continuação da entrevista de Bill Clinton.
Pergunta - Qual é o papel da religião na vida pública?
Clinton - Em primeiro lugar, as pessoas devem incorporar sua fé a todos os aspectos de sua vida.
É inteiramente correto que as pessoas procurem viver, agir e adotar políticas que se enquadrem com suas convicções religiosas.
Mas também é preciso ter uma certa dose de humildade.
Se você tem uma fé religiosa que transforma sua vida e lhe torna uma pessoa melhor, ela também lhe faz ter mais respeito para com as outras pessoas.
E, numa democracia que foi fundada em parte com base na busca de liberdade religiosa e que requer que concedamos às outras pessoas a liberdade de acreditarem no que quiserem e de viver da maneira que quiserem -incluindo o direito de não ter fé nenhuma-, é preciso tomar muito cuidado para não utilizar sua fé como justificativa para impor a outras pessoas condições e regras que violam suas próprias convicções.
Pergunta - O sr. concorda com os cristãos conservadores que se dizem perseguidos por não terem permissão para orar nas escolas?
Clinton - Não, não. Tomei muito cuidado a esse respeito. Nunca ataquei os cristãos conservadores, que me combatem com base em sua fé. Eles têm o direito de acreditar no que acreditam e têm o direito de tentar eleger pessoas que concordam com eles.
Mas, se você olhar as práticas de Jesus Cristo -ele expulsou os vendedores do templo. Não tentou derrubar os sacerdotes que ocupavam o poder. Reconheceu que era preciso traçar distinções.
No caso das orações na escola, por exemplo, avançamos muito no sentido de reduzir a tensão nessa área, criando diretrizes. Os conservadores cristãos podem orar na escola. Só não podem obrigar outras pessoas a fazer o mesmo.
Têm até o direito de tentar converter outros, dentro de certos limites, desde que sua atividade não atrapalhe as funções da escola.
A razão pela qual este país tem tendência religiosa tão profunda e dinâmica é que protegemos os direitos de todas as religiões e as recebemos de braços abertos.
Também tentamos respeitar os americanos nativos (índios) que praticam a fé dos antepassados. Portanto, não aceito esse argumento de perseguição.

Tradução de Clara Allain

Texto Anterior: Bíblia tem influência nas decisões, diz Bill Clinton
Próximo Texto: Não se iluda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.