São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 1996 |
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Manifestantes se enfrentam em Belgrado
LUCIA MARTINS
Grupos rivais se atacavam com pedaços de pau e barras de ferro cerca de duas horas antes da convergência de duas megamanifestações marcadas para as 15h (13h em Brasília) de ontem. Pouco depois, a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes da oposição. Os manifestantes pró-governo foram convocados e levados de todo o país para a capital a fim de participar do ato pró-Milosevic. Cerca de 10 mil ônibus foram mobilizados e tiveram escolta policial até Belgrado. Eram esperadas mais de 400 mil pessoas. Milosevic discursou na manifestação. Ele acusou a oposição de ser manipulada por outros países que querem enfraquecer a Sérvia. Os simpatizantes da coalizão de partidos oposicionistas Zajedno (Unidos) fazem protestos há 36 dias consecutivos contra o cancelamento de eleições municipais do dia 17 de novembro, vencidas pela oposição. Um homem foi atingido por um tiro. Segundo uma testemunha, o disparo foi dado por um simpatizante de Milosevic. Uma rádio independente chegou a noticiar a morte do ferido, informação não-confirmada. Considerado uma provocação pela oposição, o ato organizado pelo governo aconteceu no centro de Belgrado, a apenas 200 metros do local onde a oposição organiza suas manifestações diárias. Segundo estimativas, o governo conseguiu reunir 40 mil pessoas. Os oposicionistas eram 200 mil no centro de Belgrado. No início dos protestos -os maiores que já enfrentou em nove anos no poder-, Milosevic chegou a ameaçar com repressão violenta, mas foi pressionado pelo Ocidente. Ele teme a retomada do embargo comercial que sofreu durante a guerra civil na Bósnia. Confrontos O presidente avaliou que houve irregularidades e fraudes e deu a vitória eleitoral para o seu partido. Na semana passada, uma comissão da OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa) foi a Belgrado para investigar o processo eleitoral, mas ainda não deu nenhum parecer. O grupo da OSCE foi liderado pelo ex-premiê espanhol Felipe González. Desde que as manifestações começaram em Belgrado até ontem não havia registro de confrontos entre manifestantes (tanto da oposição quanto dos estudantes). Texto Anterior: Reféns ganham panetone de Natal Próximo Texto: Encontro não gera acordo sobre Hebron Índice |
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