São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 1996 |
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Estradas dão prejuízo de R$ 2,5 bi ao país
ANTONIO CARLOS SEIDL
Essa é a "contribuição" da deteriorada malha rodoviária federal para o "custo Brasil", segundo recente avaliação do Ministério dos Transportes e da Aneor (Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias). A estimativa é baseada em dados do Ministério dos Transportes, DNER (Departamento Nacional das Estradas de Rodagem) e do Ipea (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, do Ministério do Planejamento). O cálculo da perda econômica originada pela manutenção deficiente da malha rodoviária resulta da combinação de cinco fatores: 1. elevação de 58% no consumo de combustível para os usuários; 2. elevação de 38% no custo operacional dos veículos; 3. incidência de acidentes até 50% maior; 4. aumento do tempo de viagem até acima de 100%; 5. triplicação dos custos com a conservação das estradas por causa da restauração postergada. O Ministério dos Transportes precisa de US$ 1,4 bilhão por ano para fazer a conservação das rodovias federais, mas só conta, no Orçamento da União, com US$ 400 milhões para esse fim. O déficit anual de US$ 1 bilhão é o responsável pela falta de segurança na malha rodoviária, um patrimônio público de valor estimado em US$ 150 bilhões. O ministro dos Transportes, Alcides Saldanha, diz que a prioridade de sua pasta em 1997 é colocar a malha rodoviária em "condições de perfeita trafegabilidade". Estratégia Reconhecendo que a recuperação das estradas federais pavimentadas é um trabalho de Hércules, Saldanha diz que a estratégia do governo é baseada em três ações: concessões da conservação à iniciativa privada em troca do pagamento de pedágio; delegação da conservação aos Estados, que podem concedê-la depois à iniciativa privada; e estadualização. As concessões à iniciativa privada pelo governo federal somam até agora cerca de mil quilômetros (BR-040, Rio-São Paulo, Rio-Teresópolis e Porto Alegre-Osório). O ministro Saldanha diz que a meta de concessões para 1997 é de 4.000 a 5.000 quilômetros, dependendo de acertos com os Estados. Em estudos estão a delegação de 1.750 quilômetros de rodovias federais no Rio Grande do Sul e de 1.700 quilômetros no Paraná. José Alberto Pereira Ribeiro, presidente da Aneor, qualifica de um "caos" o estado de conservação das rodovias do país. "Estudos recentes da Aneor, baseados em dados oficiais, comprovam que o produto transportado, quando chega na ponta do consumo, custa em média 18% mais caro", afirma Ribeiro. Em decorrência da degradação da malha pavimentada, a cada ano de 2.000 a 3.000 quilômetros da rede federal passam de estado regular a mau, segundo o Ministério dos Transportes. A Aneor acha que as perspectivas para 97 são boas por causa dos programas de financiamentos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que somam US$ 1,4 bilhão. A Aneor defende a conservação como meta prioritária. Segundo a Aneor, o serviço de conservação custa em torno de R$ 4.000 por quilômetro por ano. Se a conservação não for feita no tempo certo, os custos de recuperação sobem para R$ 25 mil a R$ 30 mil por quilômetro/ano. Negligenciada a recuperação, resta a restauração, que custa de R$ 120 mil a R$ 150 mil por quilômetro/ano. Sem a restauração, é necessária a reconstrução, que começa na faixa de R$ 500 mil por quilômetro/ano. Texto Anterior: Cai liminar sobre a CRT Próximo Texto: Produtividade cresce após privatização Índice |
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