São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 1996
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DE VOLTA AO PASSADO

DE VOLTA AO PASSADO

O prolongado ataque terrorista à embaixada do Japão no Peru inspira preocupações com a própria sorte da economia do país. Investidores estrangeiros que aos poucos se convenciam da capacidade de o presidente Alberto Fujimori controlar a guerrilha passam naturalmente a suspeitar desse sucesso.
A oposição a Fujimori divulgou há poucos dias um manifesto de apoio ao governo nesse momento delicado, mas também parece provável que o presidente perca prestígio.
No Japão, houve alguns incidentes menores, mas igualmente aterrorizadores. Em Isezaki, cidade a cem quilômetros de Tóquio, onde há uma grande comunidade de imigrantes peruanos de ascendência japonesa ("dekassegui"), ocorreram atentados a empresas operadas por latinos, com vários apedrejamentos.
É uma atitude irracional, mas emblemática da frustração que pode acumular-se diante de um país que até pouco tempo atrás parecia ter sido escolhido como parceiro preferencial do Japão na América Latina. Cerca de 10 mil japoneses visitaram o Peru no ano passado. Mas a maior agência de viagens japonesa cancelou todos os pacotes turísticos que havia planejado para este fim de ano.
Até onde vai o terror gerado pelo terror, a paralisia temporária e onde começam os efeitos sobre a credibilidade no país que será eventualmente mais difícil de reverter?
Investidores estrangeiros já reduzem suas projeções de crescimento da economia peruana para 1997 à metade (seria em torno de 3%). Ainda assim, 1996 promete terminar com recorde em investimentos estrangeiros no Peru (US$ 1,6 bilhão). Mesmo com a crise, um banco peruano fez há dias uma emissão de bônus no mercado internacional.
O risco maior, uma vez superado o incidente na embaixada, é o governo retardar reformas econômicas se tiver de se concentrar novamente em abrir uma ofensiva contra os grupos terroristas. O risco é ter de retomar um desafio que parecia superado.

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