São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 1996
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O DESAFIO AMBIENTAL

No balanço de final de gestão realizado na última terça-feira, o prefeito paulistano, Paulo Maluf, reconheceu que a atuação na área do meio ambiente foi um dos pontos fracos de sua administração. Partindo de um político cuja imagem é raramente associada à realização de autocríticas, a constatação parece ser, antes, uma rendição a fortes evidências produzidas nesses quatro anos.
As iniciativas da prefeitura no que tange à qualidade do ar, por exemplo, foram marcadas por relações conflituosas com o governo estadual. E, infelizmente, a pendência relativa ao comando do programa para controlar a emissão de poluentes ainda parece longe de um termo. Sem medidas que permitam combater imediatamente o problema, os paulistanos continuam respirando um ar de péssima qualidade.
A mesma falta de sintonia entre as duas esferas de governo verificou-se na implementação dos dois primeiros rodízios de automóveis na capital. Uma efetiva união de esforços provavelmente teria conferido maior eficácia à iniciativa.
Há também uma notória lentidão da prefeitura na conversão dos motores dos ônibus para o consumo de gás natural. Em que pese a interferência de fatores que transcendem a ação da administração municipal, como a disponibilidade ainda limitada do gás, parece pouco justificável que até agora apenas 1,2% da frota do município use o novo combustível, reconhecido como bem menos poluente que o diesel.
As iniciativas ficaram restritas ao plantio de árvores, que por sua vez ficou longe da meta inicial de 1 milhão de unidades. Não se viu, além disso, a implementação de uma política consistente que permitisse enfrentar o grave problema do tratamento das 16 mil toneladas de lixo coletadas diariamente em São Paulo. Também tem havido pouco cuidado com os programas de reciclagem.
Trata-se de grandes desafios para a área ambiental, que não podem ficar à espera de soluções de longo prazo.

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