São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 1996
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Sobre JK e FHC

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Ao contrário do ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, que, em todo caso, parece ter mudado de opinião, leio sempre Carlos Heitor Cony. E gosto, concordando ou discordando do que ele escreve.
Por isso, me incomodou o cordial puxão de orelhas recebido ontem, a propósito do texto de domingo passado, no qual comparava Fernando Henrique Cardoso com todos os seus antecessores da metade final do século.
Cony reclama da parte relativa a Juscelino Kubitschek, como o fez também, entre outras muitas queixas, Cláudio Corradini, de Florianópolis.
Cony acha que o fato de JK não ter conseguido fazer o seu sucessor não é motivo suficiente para fazê-lo melhor ou pior do que FHC. Tem toda a razão.
O pouco espaço, às vezes, leva a simplificações excessivas e, por isso, ao erro, o que explica, mas não justifica nada. Vamos então ao raciocínio completo: não tenho idade suficiente para ter acompanhado ao vivo a gestão JK. Não creio que haja bibliografia suficiente (e independente) para poder avaliá-la a partir dos livros.
Por isso, limitei-me a dizer que, se JK tivesse sido tão extraordinário como acham seus admiradores, não teria perdido a eleição de 1960, pelo menos não para Jânio Quadros, que o atacava até mais do que o então presidente merecia.
É só isso. Um critério de julgamento, entre muitos possíveis. Cony retruca que, por esse argumento, ninguém chamaria Winston Churchill de estadista, porque foi derrotado eleitoralmente logo após o final da 2ª Guerra Mundial. E todos chamariam Paulo Maluf de estadista, porque elegeu Celso Pitta.
Cony está certo de novo, ao menos em parte. Não acho nem disse que vitórias eleitorais bastam para caracterizar alguém como estadista. Mas é um critério de avaliação importante, mesmo que meu voto tenha sido derrotado, como quase sempre o é, aliás.

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