São Paulo, terça-feira, 31 de dezembro de 1996
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Bovespa bate Buenos Aires, México e NY

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se bons resultados no mercado de ações querem dizer confiança no futuro da economia do país, então o Brasil vai bem, obrigado. Os preços na Bovespa, a principal Bolsa de Valores do país, correram no ano a uma velocidade duas vezes maior que os de Nova York, Buenos Aires e Cidade do México.
Enquanto o Ibovespa, índice que acompanha os papéis mais negociados, subiu 63%, o Dow Jones, índice das principais ações da Bolsa de Nova York, registrou alta próxima de 30% -desempenho que mereceu comentário do presidente do banco central dos EUA, Alan Greenspan, que viu ali uma "exuberância irracional".
Comparada a outros mercados latino-americanos -igualmente emergentes, na definição dos analistas de investimento-, a performance da Bolsa de Valores de São Paulo também foi muito boa.
Na Argentina, o Índice Merval registrou alta de 25%, enquanto na Cidade do México o Inmex -também das ações mais negociadas- valorizou cerca de 26%, sempre segundo a consultoria Economática.
No caso brasileiro, a principal explicação para o otimismo do mercado diz respeito ao processo de privatização que o governo federal leva a cabo, com o Programa Nacional de Desestatização.
O destaque sem dúvida vai para os papéis da Telebrás, que concentraram durante o ano cerca de 60% dos negócios em média.
Também se destacam as empresas do setor de energia elétrica, que dobraram de valor no ano.
O bom desempenho da Bovespa também se explica pela superação do trauma da crise mexicana, que fez estrago no mercado financeiro brasileiro durante o ano passado inteiro, fazendo a Bovespa fechar 95 com queda de 1,26%.
Nos EUA, Wall Street se beneficiou do comportamento da economia norte-americana, que está conseguindo aliar crescimento, inflação baixa e dólar em alta.
Na contramão vai o mercado de Tóquio, que fecha o ano com rendimento negativo próximo a 3%.
O mercado reflete o atual estado do país: a economia está praticamente estagnada e o sistema financeiro enfrenta dificuldades.
Além disso, o iene em queda e os juros baixíssimos fazem com que os investidores prefiram aplicar seus recursos em outros países.

LEIA MAIS sobre a Bolsa de Valores de São Paulo na pág. 2-8

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