São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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Senador mudou de posição

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em um ano e meio de discussões sobre o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) no Congresso, o senador Gilberto Miranda (PMDB-AM) mudou diversas vezes de posição em relação ao projeto militar.
A participação de Miranda no Sivam começou no segundo semestre de 1994, quando ele foi escolhido relator do pedido do governo para captar empréstimo externo destinado ao financiamento do projeto.
Miranda defendeu o projeto com veemência e deu parecer favorável ao empréstimo de US$ 1,4 bilhão. A operação foi aprovada no dia 21 de dezembro de 1994.
No parecer, o senador afirmou que "o Sivam é o instrumento de um novo e arrojado conceito de administração pública integrada, que objetiva introduzir recursos de alta tecnologia a fim de reduzir custos operacionais e desburocratizar ações empreendidas por diferentes órgãos e entidades dos diversos ministério".
O peemedebista começou a mudar de posição quando o governo afastou do projeto, em maio de 1995, a empresa brasileira Esca por fraudes contra a Previdência.
A saída da Esca obrigou o governo a buscar novo aval do Senado, já que a empresa era citada nominalmente na aprovação original do empréstimo externo. Ela seria responsável pelo gerenciamento da implantação do sistema de radares.
Em setembro, em telefonema grampeado pela PF (Polícia Federal), o representante da empresa norte-americana Raytheon, José Affonso Assumpção, queixou-se ao então chefe do cerimonial do Palácio do Planalto, Júlio César Gomes dos Santos, que Miranda estava dificultando a nova aprovação do empréstimo externo.
Em novembro último, o senador se reuniu com o presidente Fernando Henrique Cardoso e propôs entregar à Raytheon as obras civis do projeto (pontes, estradas etc).
A manobra iria aumentar em US$ 110 milhões o faturamento da empresa dos EUA. Negada a proposta, Miranda voltou à carga contra a Raytheon e o Sivam.

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