São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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Paridade cambial é apenas fetiche, diz FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse ontem que a paridade fixa entre real e dólar e a manutenção da mesma proporção entre as duas moedas (R$ 1 valendo US$ 1) são "fetiches".
Segundo Amaral, esse é o pensamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. O Banco Central alterou anteontem a banda cambial e permitiu que a cotação máxima do dólar chegue a R$ 1,06. O porta-voz afirmou que a possibilidade de o real ultrapassar o dólar "é uma circunstância normal do mercado".
"Não existe nenhuma preocupação em manter o fetiche de um real que não flutua ou o fetiche de manter a paridade de um para um", disse Amaral. Segundo ele, não houve uma desvalorização mas "unicamente uma flutuação".
Ele negou que o governo tenha aproveitado até agora o fato de o real valer mais que o dólar. "O real não é instrumento de marketing."
Fernando Henrique Cardoso recebeu ontem o presidente da empresa norte-americana United Technologies, George David, fabricante de equipamentos como ar condicionado e elevadores.
FHC incentivou investimentos da empresa no país e disse que a mudança na banda cambial provaria que a economia brasileira não está amarrada, segundo o ex-presidente da Fiesp Mario Amato, que acompanhou a audiência.
Turbulência
A mudança na banda cambial produziu turbulência no início do dia de ontem no mercado interno, na Argentina e no Japão. O Banco Central conseguiu contornar a situação com leilões de dólar, vendendo mais que comprando.
Segundo o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Gustavo Franco, o total vendido a mais representa "uma parte infinitesimal" das reservas do banco.
Franco atribuiu as "pequenas turbulências" a erros de informação. Baseados em notícias mal formuladas, investidores teriam acreditado que o Brasil havia desvalorizado sua moeda em 7%.
O que aconteceu foi uma elevação nesse percentual do limite máximo para a cotação do dólar -que passou ontem de R$ 0,99 para R$ 1,06. O piso das cotações passou de R$ 0,91 para R$ 0,97.
No Japão, os títulos da dívida externa brasileira, negociados entre os bancos, caíram de valor. Isso ocorre quando há desconfiança dos investidores em relação ao governo que emite os papéis.
Segundo Franco, o nervosismo no mercado brasileiro estava superado por volta das 12h. A partir desse horário, disse, os bancos que compraram dólares do BC passaram a vendê-los de volta, com lucro para o BC.

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