São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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Exportador mantém expectativa

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O exportador brasileiro não deve interromper as vendas para o mercado internacional à espera de uma maior desvalorização do real.
A recomendação é de Carlo Barbieri Filho, presidente da Associação Brasileira das Empresas Trading.
"As empresas devem exportar normalmente e não ficar esperando que a cotação do dólar chegue a R$ 1,06."
Para ele, a decisão do governo de alterar a banda cambial melhora as perspectivas de exportação. Não significa que o real vá ser desvalorizado abruptamente.
Cesário Coimbra, diretor-superintendente da Companhia Cacique de Café Solúvel, diz que a empresa exporta pelo câmbio e não pela banda. "Nada mudou até agora."
Para ele, a alteração na banda cambial rompeu o trauma de que o governo iria fechar o câmbio em um para um (US$ 1 valer R$ 1) como na Argentina. "Cabe agora ao mercado definir as taxas."
Coimbra afirma que o que vem compensando o câmbio desfavorável para as exportações são as altas taxas de juros internas.
"Vendemos ao exterior e aplicamos o dinheiro no mercado financeiro. Agora, se as taxas de juros caírem, o governo vai ter de dar um câmbio favorável para o exportador."
Horst Volk, presidente da Ortopé, que exporta 10% do seu faturamento (de R$ 122 milhões em 1995), lembra que não houve desvalorização do real.
"Até março não devemos nem sequer chegar perto da paridade (US$ 1 valer R$ 1)."
Na sua análise, não dá para pensar em aumentar as exportações por conta da mudança.
Para Michel Alaby, vice-presidente da Adebin (Associação de Empresas Brasileiras para Integração no Mercosul), a mudança na banda cambial mostra que o governo está preocupado em aumentar as exportações.
Alaby diz que o governo alterou a banda cambial porque se assustou com as previsões de que os déficits comerciais de 95 poderiam se repetir neste ano.
"É um alívio para o exportador, mas a grande reclamação ainda é o custo Brasil", disse.

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