São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996
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Medo da globalização é tema central de encontro

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O Fórum deste ano tem como tema central a globalização sustentável, mas ocorre justamente no momento em que chovem dúvidas sobre os efeitos dela.
O melhor resumo do estado de espírito predominante, a respeito, parece ser o do embaixador brasileiro Rubens Ricupero, hoje secretário-geral da UNCTAD (sigla em inglês do organismo da ONU para Comércio e Desenvolvimento).
"Paradoxalmente, a globalização está provando ser uma poderosa força tanto para a integração como para a marginalização", diz.
Um dos temas principais em Davos será exatamente um exemplo contundente de como o temor é forte: trata-se das dúvidas que cercam o calendário da UE (União Européia) para chegar, a partir de 1999, a uma moeda única, a euro.
Seria o limite máximo de ao menos um tipo de globalização, a integração regional.
Mas, desde a semana passada, ouve-se uma voz influente atrás da outra pregando ou o adiamento da moeda única ou o relaxamento das duras regras para que cada um dos 15 países da UE possa se integrar a ela em 1999.
A mais dura é a que pede um déficit público não maior do que 3% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas em um dado país).
Até a austera Alemanha rompeu o teto em 95 (déficit de 3,6% do PIB) e já anunciou que vai fazê-lo de novo este ano, reduzindo-o apenas para 3,5%.
Para atingir as metas, os governos estão adotando políticas de contenção que podem provocar "efeitos insuportáveis", acha, por exemplo, Marc Viénot, presidente do Société Générale, o maior banco privado francês.
Contra-ataca Klaus Kinkel, ministro alemão das Relações Exteriores: eventuais mudanças no cronograma europeu "teriam consequências políticas e econômicas dramáticas para a Alemanha e para a Europa".
(CR)

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