São Paulo, quinta-feira, 1 de fevereiro de 1996 |
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Lewis Carroll misturou menininhas e equações 'Alice no País das Maravilhas' é fruto de seus amores DAVID DREW ZINGG
Um professor de matemática, vitoriano, reservado, pudico e meticuloso, passeando de barco com algumas menininhas provocantes (para ele), inventa a história para entretê-las. Essa história, que nunca mais deixou de ser reeditada, já foi traduzida para virtualmente todas as línguas do mundo e é, ao lado da Bíblia e de Shakespeare, o livro mais citado no mundo ocidental. O autor foi Lewis Carroll -na realidade Charles Lutwidge Dodgson-, professor de matemática na faculdade Christ Church, em Oxford. Ele era um homem apaixonado pela universidade mágica onde lecionava. Adorava crianças, mas morreu solteiro em 1898. Carrol/Dodgson era um inglês religioso e conservador. Era pastor da igreja, um "reverendo". Tudo em sua vida era convencional, exceto sua predileção por garotinhas. Quando chegou perto do fim da vida, estimou que já havia desfrutado a amizade de entre 200 e 300 menininhas. Em 1856, o autor começou a fotografar suas amigas pré-púberes. Seu retrato de Alice Pleasance Liddell, a menina de 11 anos para quem inventou a história de "Alice" na tarde do dia 4 de julho de 1862, é um clássico de sensualidade inocente. Felizmente, Alice -um tanto quanto mandona- insistiu para que ele colocasse a história inteira no papel. Sempre ansioso em agradá-la, Dodgson começou a escrever o livro cuidadosamente e o deu a ela de presente de Natal. Charles Dodgson muito deliberadamente se distanciava do autor dos livros que o tornaram tão célebre. Ele gostava de ser Dodgson, o matemático, lógico, clérigo, "don" de Oxford e fotógrafo. Ele realmente não sabia de onde vinham as histórias. Quase gostava de dizer que a pessoa de nome Lewis Carroll não existia. Os analistas pós-freudianos encontram indícios de imagens fálicas em quase todas as páginas de "Alice no País das Maravilhas". Desconfiam profundamente de todos aqueles tapas e espirros, sem falar na própria toca do coelho. O que se sabe, porém, é que Charles Dodgson era um homem honrado. Não existe o menor indício ou evidência de que esse mais pudico dos contadores de histórias jamais tenha sonhado em invadir a privacidade de suas amiguinhas. O que o atraía era a inocência e o forte desejo de ver essa inocência encorajada e preservada. Texto Anterior: É proibido pisar na grama em Cambridge Próximo Texto: Exagero e requinte marcam moda local Índice |
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