São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Sem-terra e juiz do Pontal trocam acusações

DA REPORTAGEM LOCAL E DA AGÊNCIA FOLHA EM PRESIDENTE PRUDENTE

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e o juiz substituto de Pirapozinho (SP), Fernando Marcondes, trocaram ontem acusações de prevaricação e abuso de autoridade em torno da prisão de líderes dos sem-terra no Pontal do Paranapanema (extremo oeste do Estado).
O movimento convocou entrevista coletiva em São Paulo para denunciar uma suposta tentativa de chantagem protagonizada por Marcondes, pelo delegado de Sandovalina, Marco Antonio Fogolin -autor dos pedidos de prisão-, e pelo promotor público Paulo Sérgio Ribeiro da Silva.
Gilmar Mauro, da direção estadual do MST, e os advogados Luiz Eduardo Greenhalg e Juvelino Strozake disseram que, com a concordância do juiz, o delegado Fogolin propôs a libertação de quatro líderes do movimento -presos desde o último dia 25- em troca da apresentação de José Rainha Jr., líder do movimento foragido da polícia.
A proposta teria sido feita a Strozake durante reunião anteontem pela manhã na sala do juiz no Fórum de Presidente Prudente. Além do advogado e do delegado, teriam participado da negociação o promotor e o próprio juiz.
Com a negativa do MST, disse Mauro, o juiz indeferiu pedido de revogação das prisões.
Os líderes Diolinda Alves de Souza -mulher de Rainha-, Láercio Barbosa, Claudemir Marques Cano e Felinto Procópio estão detidos sob acusação de formação de quadrilha.
No Pontal do Paranapanema, o juiz Marcondes rebateu as acusações. Disse à Agência Folha que foi o próprio Strozake quem propôs a troca da entrega de Rainha pela libertação dos demais líderes.
"Achei a proposta estranha e sugeri ao advogado que a formulasse por escrito", declarou o juiz.
O promotor Silva confirmou a versão do juiz. O delegado não foi localizado.

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