São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996
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FIFs captam R$ 2 bi e cadernetas perdem

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os novos Fundos de Investimento Financeiro, conhecidos como FIFs, registraram em janeiro uma captação líquida positiva de R$ 2 bilhões.
Isto significa que, ao longo do mês, os depósitos em todos os fundos superaram os saques em R$ 2 bilhões, quantia expressiva, mesmo considerando que o patrimônio líquido dos FIFs está em torno de R$ 65,5 bilhões.
Quase toda a captação positiva ficou por conta dos FIFs de curto prazo, que rendem bem pouco -devido ao compulsório de 40%-, mas permitem que o dinheiro seja sacado com algum juro a qualquer momento.
Nos FIFs de curto prazo, os depósitos ficaram R$ 1,7 bilhão acima das retiradas, conforme dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Houve captação líquida negativa (mais saques do que depósitos) de R$ 441,8 milhões nos fundos de renda fixa de 60 dias, mas, em compensação, esses mesmos FIFs, porém atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), ganharam R$ 196,5 milhões.
Os FIFs de 60 dias são os que detêm maior patrimônio líquido (cerca de R$ 45 bilhões) porque foram eles os que abrigaram os antigos fundos de commodities, a vedete do mercado financeiro antes e logo após o Plano Real.
Os fundos de commodities foram extintos, mas o dinheiro aplicado até 29 de setembro de 95, e que permanece depositado, continua podendo ser sacado a qualquer dia sem perda de rendimento.
Os depósitos a partir de outubro de 95 nesses fundos obedecem ao intervalo de 60 dias para terem direito ao crédito dos rendimentos. Quem saca fora do prazo perde o rendimento acumulado desde o último "aniversário".
Os fundos de 30 dias, que concorrem com a poupança, inclusive rendendo mais, na média deles, tiveram captação líquida positiva de R$ 488 milhões no mês passado.
As cadernetas de poupança tiveram mais saques do que depósitos em janeiro, mas nada assustador, tendo em vista seu rendimento, abaixo dos concorrentes.
Segundo o Banco Central, até o dia 26 de janeiro a poupança acumulava, no mês, captação líquida negativa de R$ 289,8 milhões no SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
A captação positiva de R$ 119,2 milhões na poupança rural (basicamente a do Banco do Brasil) foi insuficiente para deixar todo o sistema pelo menos equilibrado em janeiro.
Em dezembro a poupança teve R$ 2,7 bilhões de captação positiva. Boa parte desse dinheiro, porém, veio dos antigos DERs (Depósitos Especiais Remunerados), herança do Plano Collor extinta no final de 95.
Os recursos do DER foram transferidos para a poupança normal dos bancos onde estavam depositados, a não ser que o titular das contas de DER pediu outro destino para o dinheiro.
No dia 26, a poupança tinha saldo total de R$ 64,4 bilhões, praticamente o volume dos FIFs.
(GJC)

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