São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996
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Tesouro cobriu verba à saúde

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Na despesa com saúde, o economista Raul Velloso nota que o governo, o caixa do Tesouro Nacional, nos dois últimos anos foi obrigado a cobrir os R$ 450 milhões mensais que a Previdência destinava à saúde e que suspendeu em 1993.
Esse complemento foi feito com ganho de receita e tirando recursos de todas as demas áreas do governo (educação, transportes, segurança, administração, Forças Armadas etc.), que perderam R$ 110 milhões mensais.
Ou seja, nem tem como aumentar o gasto com a saúde, nem é possível cortar mais nos demais setores, já mantidos a pão e água.
Receita
Assim, qualquer gasto adicional nesses dois itens depende de aumento de receita específico para isso.
Tudo somado e subtraído, o governo federal fica neste ano com um superávit primário de quase R$ 4,1 bilhões (R$ 340 milhões vezes 12 meses).
Ora, em 1995, só até até novembro, o governo federal gastou R$ 13 bilhões com juros, o que dá quase R$ 1,2 bilhão ao mês.
Observa Velloso: se em 1996, a taxa de juros cair para 12% reais ao ano, a despesa com juros ficará em R$ 700 milhões por mês.
Ou seja, o saldo primário daria para pagar metade da conta de juros de 1996.
"Claramente, precisa de algo mais", conclui o economista.
E esse algo mais precisa ser suficiente para pagar toda a despesa com juros e ainda sobrar um pouco, para indicar que o governo restabeleceu um fluxo positivo nas suas contas.
Esse fluxo positivo é considerado essencial para a confiança do público e dos investidores no futuro do Plano Real.
As reformas administrativa e previdenciária permitirão redução de despesas, mas isso demora.
Desse modo, nota Velloso, sobra para o governo, neste ano, a alternativa da privatização.
Esta pode trazer um grande ganho de receita, além de contribuir para abater a dívida e, em consequência, a despesa com juros.
(CAS)

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