São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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País deve atrair investimentos de US$ 5 bi em 96

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O investimento estrangeiro no Brasil deve crescer 66,7% este ano, de US$ 3 bilhões em 1995 para US$ 5 bilhões, segundo Henrique Campos Meirelles, presidente do Banco de Boston e da Câmara Americana de Comércio-SP.
Apesar do crescimento projetado para este ano, Meirelles diz que o país deveria estar atraindo de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões por ano. "A China recebeu cerca US$ 40 bilhões no ano passado, apesar das incertezas geradas pelo regime comunista", comenta.
Ele atribui o nível ainda modesto da presença do capital estrangeiro no país aos longos anos de inflação e ao ainda alto grau de intervenção governamental na economia brasileira.
Meirelles, que também é presidente da Associação Brasileira de Bancos Internacionais, falou à Folha na última sexta-feira.
A seguir, trechos da entrevista.

Folha - Quais são as perspectivas para o investimento estrangeiro no país este ano?
Henrique Campos Meirelles - As melhores em muitos anos. Existe um certo renascimento do Brasil como país atrativo ao capital estrangeiro.
Folha - Por quê?
Meirelles -Porque deixamos de ser um país promissor com um governo muito ruim. O presidente Fernando Henrique Cardoso representa um salto de gerações na qualidade de governo. O Brasil pode começar, afinal, a exercer o potencial que sempre teve.
O interesse do investidor pelo Brasil hoje passa a ser muito grande porque aquela grande nuvem negra da hiperinflação que estava sobre o país está se afastando.
Folha - Qual a projeção para o investimento externo em 96?
Meirelles -Acredito que chegará a US$ 5 bilhões. De US$ 1,5 bilhão a US$ 1,7 bilhão virão dos EUA. Bem mais do que os US$ 3 bilhões de 95. Mas não é o que devia ser.
Folha - Por quê?
Meirelles -Porque os investidores, mesmo muito entusiasmados, ainda se defrontam com algumas dificuldades específicas.
Folha - Quais?
Um plano de estabilização baseado numa taxa de câmbio desfavorável à exportação, uma carga tributária de país rico -nosso patamar de 31% do PIB deve ser de longe o maior de todos os países emergentes- e elevadas contribuições sociais sobre a folha de pagamentos. São problemas para um país emergente que precisa de investimentos para crescer e gerar empregos.

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