São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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Mercosul ganha reconhecimento mundial

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O Mercosul, em particular, e a América Latina, em geral, ganharam nos dois últimos dias um selo de qualidade conferido pelo Fórum Econômico Internacional, a maior congregação de personalidades públicas, empresariais e acadêmicas do planeta.
A mais acabada comprovação veio de Alex Trotman, presidente da Ford, companhia que investe em países como Brasil e Argentina. Ele lembrou que um de seus executivos costumava dizer que "o futuro da América Latina está sempre no futuro. Nunca é agora".
Ao final de sua exposição, o presidente da Ford animou-se a dizer que a América Latina está agora "no começo de seu futuro".
Embora generalizado para todo o subcontinente, o elogio referia-se ao Mercosul e mais especificamente ao Brasil e a Argentina.
Trotman disse que a Ford passou a tratar os dois países como "um único mercado" e como plataforma para exportações para outras partes do mundo.
O elogio do presidente da Ford vem na sequência de outros, entre eles o do subsecretário norte-americano do Tesouro, Larry Summers, que coloca o Brasil entre os países que, no ano 2000, será um "mercado emergido" e não mais um "mercado emergente".
Tal volume de aplausos a uma região que, até há pouco, era uma espécie de patinho feio do mundo, permitiu que, ontem, dois de seus presidentes se dessem ao luxo de ironizar os países ricos.
O presidente peruano, Alberto Fujimori, cobrou dos países europeus uma reforma da Previdência Social, que o Peru já fez. Na América Latina, estamos avançando em todos os sentidos, emendou sorrindo com ironia, sob aplausos do público mais de empresários.
O argentino Carlos Menem pegou o mote e provocou: "Os países desenvolvidos não fizeram a lição de casa como nós o fizemos".
Menem e Fujimori, como o ministro brasileiro Pedro Malan o fizera na véspera, despejaram projeções fartamente otimistas sobre seus países. Malan mencionara a redução da inflação para 20% no ano passado e a perspectiva de ser menor ainda este ano. E previra até 1998 um crescimento econômico próximo ou até superior a 4%.
Menem arriscou-se: "Vamos crescer 5% ao ano, por mais que muitos economistas, argentinos e estrangeiros, digam que é muito".
Fujimori não deixou por menos: lembrou que o Peru cresceu 6,9% no ano passado. Ele disse que foi "o segundo maior crescimento das Américas", e garantiu que a média de crescimento de seu país será de 5% nos próximos anos.
Trotman, da Ford, também aproveitou para dizer o que os empresários gostariam de ver acontecer na América Latina: maior economia de escala (referência à ampliação da integração regional, tipo Mercosul) e políticas estáveis.
Neste último capítulo, a lista é grande: estabilidade em tributos, câmbio, tarifas de importação, melhoria de infra-estrutura e políticas que encorajem a força de trabalho a se tornar supercompetitiva.

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