São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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Calendário alucinante

CIDA SANTOS

"Dá vontade de parar de jogar." A frase é do levantador Paulo Roese, que terça-feira enfrentou mais uma cirurgia no joelho e está fora da Superliga desta temporada. Roese, um dos melhores levantadores do Brasil, sente na pele as consequências da maratona de jogos. Os atletas mal têm tempo de se recuperar, jogando uma média de quatro partidas a cada oito dias.
Nesse ritmo, Roese tem total razão quando diz que as contusões vão continuar acontecendo e quem vai ficar com o troféu não vai ser o melhor time, mas o que chegar mais inteiro na final.
Uma pena para um torneio que tinha tudo para ser um dos melhores de todos os tempos com a participação dos principais jogadores do país e de atletas estrangeiros.
O coordenador de eventos na Confederação Brasileira, Roberto Osires Silva, mais conhecido como Paulista, telefonou respondendo às críticas desta coluna sobre a maratona de jogos da Superliga Masculina.
Ele reconhece que a tabela está puxada, mas argumenta que não havia outro jeito. O torneio tem que acabar até o fim de março devido à preparação da seleção para a Olimpíada.
Por que então o campeonato, no lugar de turno e returno com os 12 times se enfrentando, não foi disputado com as equipes divididas em dois grupos e menos jogos? Paulista responde que os patrocinadores dos times não aceitaram disputar menos partidas por causa de um menor retorno publicitário.
O certo é que os clubes pagam o salário integral dos jogadores o ano inteiro, mesmo no período em que os atletas estão com a seleção, e querem o retorno do investimento. No meio dos interesses entre seleção e clubes, quem sofre é o jogador, que acaba tendo que cumprir um calendário alucinante.
A solução deverá vir apenas na próxima temporada. Paulista anuncia que a Superliga 96/97 será disputada em um período maior de tempo (de dezembro a maio) e terá no máximo dois jogos por semana. As atividades da seleção ficarão concentradas no segundo semestre: entre julho e novembro.
Mais problema: quem não tem TV por assinatura quase não está podendo ver as partidas do masculino. Na última reunião entre dirigentes dos clubes, a maior bronca foi essa: em dois meses de torneio, a TV Bandeirantes transmitiu apenas sete jogos. Muito menos do que o prometido e muito pouco para um esporte que, no Brasil, só perde na preferência popular para o futebol.
Notas
Uma dica legal para a garotada: o BCN e o Suzano vão fazer suas peneiras esta semana. No BCN, os testes serão quinta-feira, às 15h, e sexta-feira, às 9h, para meninas entre 12 e 16 anos com, no mínimo, 1,70 m de altura, em Santos. Mais informações: (013) 355-4425. No Suzano, a peneira será domingo, às 8h, para meninos entre 14 e 18 anos. Informações: (011) 476-1886.

No Italiano, continua quente a luta entre o Alpitour Cuneo e o Modena. Os dois estão empatados com 16 vitórias e duas derrotas. O Cuneo, do espanhol Pascual, tem vantagem nos sets e assumiu a liderança.

O Com Cavi Napoli, do brasileiro Pampa, perdeu do Padova e corre o risco de ficar fora da próxima fase. O time está em nono lugar e só se classificam os oito primeiros. Já no Japonês, o time de Eduardo Pezão está em situação melhor. A NEC é a vice-líder com oito vitórias e quatro derrotas.

O Leite Moça, da levantadora Fernanda Venturini, continua totalmente demais na Superliga. Líder e invicto, o time tem uma campanha perfeita: em 17 jogos apenas cinco sets perdidos. Quarta-feira, dia da última rodada da fase de classificação, vai ter um duelo de arrepiar em Sorocaba. O vice-líder BCN, da atacante Ana Flávia, vai tentar o que ninguém ainda conseguiu no torneio: vencer o Leite Moça.

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