São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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"Roque Santeiro" ganha versão musical

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A história de Roque Santeiro, o falso herói criado por Dias Gomes, vai ganhar uma versão de comédia musicada, com Cláudia Jimenez e Agildo Ribeiro no elenco e direção geral de Bibi Ferreira.
Cláudia Jimenez viverá Porcina, a suposta viúva de Roque, e Agildo, o coronel Sinhozinho Malta.
José Mayer foi convidado para viver Roque, mas não confirmou sua participação no projeto.
Mais conhecida por causa da novela exibida pela Globo em 85, a história foi escrita originalmente para o teatro por Dias Gomes em 1963, com o título "O Berço do Herói", e acabou censurada.
A nova montagem se chamará "A Fabulosa História de Roque Santeiro e Sua Fogosa Viúva, a que Era sem Nunca Ter Sido" e tem estréia prevista para setembro, no teatro Tereza Rachel.
A trilha sonora terá canções originais de Caetano Veloso e incluirá as músicas de maior sucesso da novela, como "ABC de Roque Santeiro", de Sá e Guarabyra, e "De Volta pro Aconchego", cantada por Elba Ramalho.
A peça conta a história de um fabricante de santos que se torna cabo da Força Expedicionária Brasileira na 2ª Guerra Mundial. O cabo Roque deserta, é dado como morto e condecorado como herói.
Anos depois, volta à cidade de Asa Branca, que o cultua como santo, e modifica a vida de todos os que se beneficiavam de sua falsa morte. Na trama da novela, Roque deixou de ser soldado.
A montagem dirigida por Bibi usará a trama original. Dias Gomes reescreveu alguns trechos, porque, segundo ele, não há nada que não possa ser melhorado.
A produção está orçada em R$ 1 milhão. A idéia dos produtores Moisés e Gustavo Aichenblat é fazer um espetáculo com mais de 30 atores e figurantes. Os personagens principais irão cantar.
"Não será um musical, onde a música se sobrepõe a tudo, mas uma comédia musicada. Com Cláudia Jimenez e Agildo Ribeiro, sei que será mesmo uma grande comédia", afirmou Dias Gomes.
O projeto de montar Roque Santeiro, com direção de Bibi Ferreira, existe há cinco anos. A peça terá figurinos de Fernando Pamplona e cenários de José Dias.
O patrocínio inicial do espetáculo, prometido pela Petrobrás, foi cancelado quando o então presidente Fernando Collor cortou os financiamentos da Petrobrás. No início do ano, os Aichenblat retomaram o projeto.
"Não terá nada a ver com a novela, que foi um grande sucesso, porque esta versão é mais comédia. O teatro e a TV têm linguagens diferentes. Mas a história de Roque é sempre atual, fala de um grande engano", disse Moisés Aichenblat.
O humorista Agildo Ribeiro, 63, voltará ao teatro para viver um personagem depois de mais de 20 anos em que atuou apenas em seus próprios shows de humor. Ele passou os últimos seis meses com um programa na TV portuguesa e chegará ao Rio em fevereiro. Em entrevista por telefone, de Lisboa, Agildo disse que se apaixonou pelo papel e que não teme comparações com a novela.
"É claro que eu vi a novela e o desempenho magnífico do Lima Duarte como Sinhozinho Malta, mas será outra coisa. Não me assusta fazer um personagem, porque comecei assim. Acho até mais difícil fazer um show sozinho."

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