São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996
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Novo fenômeno

A chamada globalização da economia, que reduziu a importância das fronteiras nacionais, ampliou o horizonte de operação e planejamento das empresas e tornou os mercados mais dependentes uns dos outros, traz consigo um grande potencial de democratização para qual se tem dado pouca atenção.
Se de fato informação é poder, a revolução nas telecomunicações e a disseminação de redes como a recém-anunciada Welcom -que promete conectar estadistas, empresários e especialistas em tempo real- e a mais ampla e conhecida Internet pode ter o efeito de proporcionar, junto com a informação, a capacidade de influir.
Há fatores que restringem, hoje, o alcance dessa globalização da informação. Mas a possibilidade de que tal fenômeno adquira grande importância social e mesmo política é inegável.
Atualmente a capacidade informativa dos avanços tecnológicos na divulgação de fatos ocorridos em quaisquer partes do mundo esbarram na excessiva fragmentação das informações e nas deficiências dos sistemas de educação.
A televisão pode mostrar o que ocorre neste exato momento no Sri Lanka, mas a grande maioria dos telespectadores não faz a menor idéia nem sequer de onde fica esse país, quanto mais do que lá ocorria ontem, ou há um ano.
O acesso à Internet, por exemplo, ainda está restrito a um pequeno número de pessoas, não só devido ao preço do computador, como também pelas limitações à entrada na rede. E é claro que a disseminação das redes de informática implica custos com os quais alguém terá de arcar.
Mas se todas essas limitações sugerem cautela quanto à real influência da revolução nas comunicações, é certo que o mundo está diante de um novo fenômeno cujo potencial democrático -entre outras tantas facetas- ainda é minimamente explorado.

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