São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
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Pesquisa sobre desmatamentos na Amazônia recebe US$ 1 milhão

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o IFRPI (Instituto Internacional de Pesquisas em Políticas de Alimentação) assinaram na terça-feira passada, em Brasília, um convênio no valor de US$ 1 milhão, destinado ao Acre e a Rondônia.
Os recursos serão aplicados entre este ano e 98 na pesquisa de alternativas para a agricultura de derrubada e queima no Estados.
O IFPRI, sediado nos Estados Unidos, em Washington, mantém parcerias com a Embrapa há dez anos.
O instituto desenvolve pesquisas sobre tecnologias agrícolas adaptadas ao meio ambiente em 20 países do Terceiro Mundo.
A instituição foi criada em 1975 sob o patrocínio das Fundações Rockefeller e Ford.
Segundo Judson Ferreira Valentim, chefe do CPAC (Centro de Pesquisa Agroflorestal) do Acre, da Embrapa, como um dos resultados do convênio espera-se que a empresa ajude a viabilizar o desenvolvimento sustentado do setor agropecuário e das florestas.
O convênio se superpõe a outros projetos desenvolvidos na Amazônia, segundo ONGs (Organizações Não-Governamentais) do Acre e Rondônia consultadas pela Folha.
"Os recursos do convênio são bem-vindos. Porém, a Embrapa deveria discutir com as ONGs sua melhor aplicação", diz Luiz Rodrigues de Oliveira, coordenador do Fórum das ONGs de Rondônia.
Segundo Oliveira, o convênio da Embrapa repete objetivos do Planafloro (Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia).
"Por que não utilizar o US$ 1 milhão para fortalecer experiências de agroextrativismo?", pergunta Nilton Cosson, do Pesacre (Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Florestais do AC).
Ecio Rodrigues da Silva, coordenador do CTA (Centro de Trabalhadores da Amazônia), diz que a Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) também está iniciando um projeto com objetivos semelhantes.
"Sem o apoio das ONGs, a pesquisa da Embrapa não vai gerar resultados concretos", afirma.
O presidente da Embrapa, Alberto Portugal, admite que possa estar ocorrendo uma desarticulação de ações oficiais na Amazônia.
"Se estiver ocorrendo superposição de projetos com objetivos parecidos, corrigiremos o problema", afirma Portugal.
Ele diz que é possível remanejar verbas destinadas à Embrapa pelo Planafloro, a fim de que se aproveite mais racionalmente os recursos do convênio com o IFPRI.

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