São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
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Safra menor deve elevar preço do arroz

FELIPE MIURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A cultura do arroz deverá ser mais rentável este ano.
A perspectiva é de que o produto seja negociado em torno do preço mínimo durante a colheita, com alta nos meses seguintes.
"A redução de 17% no plantio desta safra de arroz irrigado do Rio Grande do Sul mais a quebra provocada pela estiagem (que chegou a durar mais de 45 dias em algumas regiões) são os fatores que indicam a recuperação dos preços em relação à safra passada", explica Adalberto Jardim, diretor técnico do Irga (Instituto Riograndense do Arroz).
A queda entre 10% e 20% na safra gaúcha, estimada atualmente pelos analistas, beneficiadores e produtores, confirma essa tendência.
O Rio Grande do Sul tem fornecido mais de 40% do arroz consumido no país nos últimos anos.
Além disto, com a melhora do poder aquisitivo dos consumidores, houve aquecimento na demanda por arroz de melhor qualidade (tipo 1), justamente o produzido pelos agricultores gaúchos.
A estimativa de queda também na área cultivada da região Centro-Sul, ao redor de 7%, reforça a expectativa de diminuição da oferta nacional nesta safra em torno de 10%, o equivalente a um mês de consumo.
O desestímulo para a cultura decorreu dos baixos preços obtidos pelos produtores no ano passado, tanto para o arroz de sequeiro (cultivado principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste) como para o arroz irrigado (plantado na região Sul).
Nos meses de março e abril, período de pico de colheita no Rio Grande do Sul, o produtor vendeu a saca de arroz agulhinha por preços entre R$ 8 e R$ 8,50, 20% abaixo dos R$ 10,02 estipulados como preço mínimo de garantia.
Já o arroz de sequeiro foi negociado em Goiás, nessa época, a preços cerca de 10% abaixo do mínimo (R$ 8,85).
"É cedo ainda para se afirmar qual será o volume final da produção brasileira. Por enquanto, acredito que na melhor das hipóteses a colheita gaúcha chegue a 4 milhões de t, 1 milhão de t a menos que a passada", diz André Barreto, presidente da Fearroz (Federação das Cooperativas de Arroz do Rio Grande do Sul).
Segundo ele, em função desta quebra de safra, os preços ao produtor do arroz agulhinha deverão oscilar entre R$ 10 e R$ 10,50 a saca, no RS, durante a colheita.
Se o preço de mercado for inferior ao preço mínimo (R$ 10,02/saca) no período da colheita, o Irga pretende enxugar o mercado, por meio da compra de 200 mil t, em operação já acertada com o governo federal.
Após a colheita, se o governo não alterar as atuais regras para a importação de arroz de países fora do Mercosul, a tendência é de que os preços continuem reagindo até atingir entre US$ 13 e US$ 14/saca.
"Será uma afronta aos agricultores se houver redução da alíquota de importação de 20% e a retirada da obrigatoriedade de pagamento à vista nessas operações", diz o presidente da Fearroz.

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