São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
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Emprego em campanha

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique Cardoso, o real, o racional, segue muito irritado com o irracionalismo em torno do desemprego.
Ontem, outra vez, citou as estatísticas reais e fez elogio ao presidente -a si mesmo.
- O presidente tinha razão, quando disse que não estamos em situação de desemprego. Nós estamos com problemas pontuais, mas dados confirmam plenamente que nós tínhamos um crescimento econômico e aumento... melhor, diminuição da taxa de desemprego. IBGE mostra isso, Dieese.
Não adianta, que os números reais trombam com a verdade política. Só esta semana já anunciaram campanhas contra o desemprego o PT de Lula e o PMDB de Orestes Quércia.
Daí o próprio presidente, do alto da sua razão, descer com mensagens politicamente, se não realistas, pragmáticas.
- A linguagem do governo tem que ser, daqui por diante, não só a da estabilização, mas a do crescimento. Ou seja, que dê emprego.
José Serra, na mesma hora, anunciava a distribuição de R$ 11 bilhões pelo BNDES neste ano eleitoral, "para aumentar a oferta de emprego".
Se o PT e o PMDB elegem o desemprego como tema de campanha, também o PSDB. E também o PFL. Do senador ACM, na mesma hora:
- O desemprego aflige os lares brasileiros. Quase todas as famílias que não são abastadas têm pessoas desempregadas.
Certo, não é estatística do IBGE. Mas o irracionalismo de ACM, Serra, Quércia e Lula, juntos, é capaz de fazer surgir uma realidade. Virtual que seja.
Velhos amigos
O presidente está cedendo demais, dizem, na negociação da Previdência. Não está, não, diz o próprio, que explicou o que entende do caso:
- Só o fato da sociedade ter tomado consciência de que não era possível cruzar os braços e achar que a reforma era uma coisa negativa já foi um êxito extraordinário. Voltou-se ao bom senso. Ser progressista é ser a favor das reformas. Ser conservador é ser contra.
Lula, que voltou à cena, já não parece pensar tão diferente de Fernando Henrique:
- Eu acho importante que a CUT tenha mantido a posição de negociar. Aliás, faz parte da própria trajetória do movimento sindical, a negociação.
Eles ainda fazem as pazes.

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