São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
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Aluno baleado na USP diz perdoar colega

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Winston Hook Goldoni, 23, que deixou o Hospital das Clínicas anteontem, após 56 dias de internação em função dos tiros que levou do colega de faculdade Christian Hartmann, disse que perdoa o autor do atentado.
No dia 11 de dezembro do ano passado, Christian, 21, baleou Winston, matou a tiros a namorada do colega, Renata Cristina Francisco Alves, 20, e em seguida se suicidou com um tiro na boca.
O crime ocorreu um laboratórios da Escola Politécnica da USP.
A causa do crime foi passional. Christian não se conformava com o namoro de Renata com Winston.
Winston disse ontem, em entrevista no Hospital das Clínicas, que Christian mandava cartas a Renata dizendo que "não aguentava mais aquela situação (o namoro) e que ia tomar alguma atitude drástica". "Ele afirmava ainda que a gente ia ver que ele não estava brincando, que era sério", contou Winston.
Ele disse que não se lembra "muito bem" da tragédia, apenas que ouviu disparos e se jogou na frente de Renata para ela não ser atingida. "Depois, só me lembro de quando cheguei ao hospital", contou.
O chefe da equipe que operou Winston, o neurocirurgião Luiz Alcides Manreza, disse que o rapaz sofreu amnésia típica de pessoas que passam por um trauma. "A lembrança da tragédia é apagada da memória de pessoas traumatizadas", explicou Manreza.
"O Christian fez aquilo em um momento de desespero. Eu tenho um pouco de pena dele. Eu o perdôo", afirmou Winston.
Winston disse que sente muita falta de Renata, de quem estava "gostando muito". Eles namoraram dois meses e, segundo Winston, Renata não chegou a namorar Christian.
A bala que atingiu a cabeça de Winston entrou pelo lado esquerdo do seu maxilar e saiu pelo lado direito da testa. Segundo Manreza, o rapaz perdeu o olfato.

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