São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Autor iniciou o besteirol

NELSON DE SÁ
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Além de "Pérola", Mauro Rasi esteve em São Paulo em dezembro -e pode voltar em março- com "Cinco Vezes Comédia", espetáculo com esquetes dos maiores autores e atores do besteirol.
O gênero surgiu nos anos 70 e chegou aos 90 com o domínio do teatro e da televisão.
*
Folha - O besteirol venceu?
Mauro Rasi - Venceu o quê?
Folha - "Cinco Vezes Comédia" é um tributo ao besteirol. Ele é reconhecido, afinal?
Rasi - Ah, eu não sei, Nelson. Eu não sei definir essas coisas. Eu fiz aquilo para me divertir. Eu acho aquela história de "Cinco Vezes Comédia" engraçada.
Folha - Você foi treinado no besteirol. Miguel Falabella também. O teatro de maior sucesso é esse teatro.
Rasi - É porque tem humor. Acho que o humor persiste, porque é nosso, é muito brasileiro. A minha raiz é muito bem-humorada. Esta ótica irreverente sempre me foi muito natural e prazerosa.
Agora, tinha uma coisa que caracterizava o movimento do besteirol, que era um descuido muito grande. Era uma coisa rápida, para ganhar dinheiro. Em um mês escrevia, ensaiava e faturava. Não se sabia o que era reescrever. Escreveu estava escrito e acabou.
Folha - Vai para o palco.
Rasi - E o público ia, fazia sucesso, faturava. Mas era um sucesso ali, para pagar o apartamento. Por isso era uma produção maciça. Quando a coisa começou a folgar, permitiu um cuidado maior.
Folha - "Ladies na Madrugada" foi o começo do besteirol?
Rasi - Pode ser, pode ser. Essa peça foi um divisor de águas. Se bem que eu tenho dificuldade em classificar essas coisas. Foi quando eu conheci o Patrício Bisso. Ele tinha 17 anos, apareceu no teatro e roubou a peça inteira... Era uma época de drogas. Imagina que na estréia eu tomei mescalina.
Folha - Você estava no palco?
Rasi - Eu tocava piano para o Patrício Bisso. Ele fazia Marlene Dietrich. Mas no dia da estréia me deu um pânico tão grande que eu tomei uma mescalina. Aí achei que o teatro estava derretendo e foi uma catástrofe. Vaiaram. Foi em 73. Por isso fugi de São Paulo.
(NS)

Texto Anterior: Mauro Rasi faz a comédia da perda
Próximo Texto: Próxima peça é um musical
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.