São Paulo, terça-feira, 6 de fevereiro de 1996
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A reeleição vive

FERNANDO RODRIGUES

BRASÍLIA - Nas últimas duas semanas o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, vem dizendo em rodas de amigos que o seu partido espera por um sinal do presidente da República para tocar a emenda da reeleição.
O sinal definitivo não saiu. Mas um pouco de fumaça branca começa a despontar do Palácio do Planalto.
O PFL acertou-se com o governo e vai promover a instalação, logo depois do Carnaval, da comissão especial que analisará a emenda da reeleição.
Para haver reeleição de prefeitos, governadores e presidente é preciso uma mudança constitucional. A emenda já existe. Só que, para tramitar, depende de uma comissão especial. E quem domina o Congresso decide se instala ou não a comissão.
Sabe-se agora que a comissão vai existir. Mas isso não significa, ainda, que a emenda da reeleição tenha se transformado em prioridade para FHC.
O presidente sabe que o assunto é delicado. Como diz Bornhausen, não permite segunda época. Se não passar, a emenda ficaria condenada no restante do governo FHC.
A decisão de instalar a comissão deve ser entendida como uma preocupação do governo de não perder os prazos necessários para discussão do tema. E não necessariamente como uma mudança de estratégia.
Com a comissão instalada, o governo estará jogando no Congresso mais um termômetro para medir os ânimos dos parlamentares sobre o assunto. Se a rejeição for demasiada, a comissão pode ficar em estado de dormência até um momento mais adequado.
Entre a alta cúpula governista há divergências. O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, que votar logo a reeleição. O ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, prefere esperar.
A instalação da comissão especial pode ser uma daquelas maravilhosas decisões brasilienses: faz-se algo para deixar tudo do mesmo jeito.
É praticamente impossível que a emenda da reeleição ande neste ano. E, mesmo que passe na Câmara, a proposta vai inexoravelmente emperrar no Senado -a Casa presidida por um dos maiores adversários da proposta e candidato a presidente, José Sarney.

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