São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996 |
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Governistas usam fórmula argentina para a reeleição
MARTA SALOMON
O presidente argentino Carlos Menem submeteu ao Parlamento no início de seu quinto e penúltimo ano de mandato a proposta de reeleição. Seis meses depois de aprovada a reforma, Menem foi reeleito por mais quatro anos. No caso brasileiro, a "fórmula Menem" é vista atualmente como o melhor caminho para manter no poder a aliança PSDB-PFL -inaugurada na eleição de FHC. Trata-se da tentativa de aprovar, em 1997, uma emenda constitucional autorizando FHC a disputar sua própria sucessão, sem se afastar do cargo. Os estrategistas da reeleição confiam em que, até lá, a permanência de FHC no Planalto possa mobilizar a opinião pública e barrar as resistências políticas. Para que isso ocorra, os estrategistas confiam também em que as reformas constitucionais estarão aprovadas, a inflação se manterá baixa e a economia já apontará para a retomada do crescimento. O primeiro passo da operação é a abertura oficial do debate da reeleição logo depois do período de convocação extraordinária do Congresso e do Carnaval. O PSDB fez uma tentativa de dar início à discussão no ano passado, mas acabou isolado entre os partidos que dão sustentação política ao governo. O debate no Congresso teria como base a emenda do deputado Mendonça Filho (PFL-PE), apresentada há um ano e protocolada como a emenda constitucional "número um" da atual legislatura. Como há fortes resistências políticas à tese, principalmente no PMDB (o maior partido do Congresso), a emenda Mendonça Filho poderia ser usada apenas para quebrar a proibição prevista constitucionalmente ao princípio da reeleição. A autorização não valeria para os atuais prefeitos, para os atuais governadores nem para o presidente, embora a cúpula do PSDB preferisse ver logo aprovada a possibilidade de reeleição de FHC. A reeleição de FHC seria objeto de uma nova emenda, a ser encaminhada ao Congresso em seguida. Aliança A "fórmula Menem" tem forte trânsito entre os articuladores da candidatura do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, à Prefeitura de São Paulo. Motta é o principal articulador da reeleição e está conseguindo reproduzir, em torno de sua candidatura (ainda não formalizada), a aliança eleitoral que elegeu seu amigo FHC. O PFL apóia Motta, a ponto de anunciar que não disputará o Ministério das Comunicações numa eventual reforma ministerial. Mas avisa que só se aliará ao PSDB em 1998 se o candidato for, de novo, Fernando Henrique Cardoso. Texto Anterior: O piloto Próximo Texto: Grupo de Erundina usa Motta para crescer Índice |
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