São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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Autor da emenda do divórcio morre aos 85 em Niterói; enterro será hoje

DA SUCURSAL DO RIO E DA REDAÇÃO

Nelson Carneiro morreu ontem às 18h30 em sua casa, em Niterói (RJ), aos 85 anos. Ele se recuperava de uma cirurgia abdominal a que havia sido submetido em 26 de dezembro de 1995, no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Depois da operação, Carneiro foi transferido para o hospital Samaritano, no Rio, para tratar de uma anemia. Há cerca de uma semana recuperava-se em casa. Até ontem à noite, sua família ainda desconhecia a causa de sua morte.
Carneiro dizia que seria candidato a vereador este ano pelo PPB. Tinha três filhos e três netos e estava no terceiro casamento, com Carmen Carneiro.
O corpo de Nelson Carneiro seria transferido para a Câmara do Rio ontem à noite, onde seria velado. Ele será enterrado hoje no cemitério São João Batista, no Rio, às 17h. O governador Marcello Alencar (PSDB) e o prefeito do Rio, César Maia (PFL), decretaram luto oficial de três dias.
Nelson Carneiro dedicou a maior parte de sua carreira à luta para aprovar o divórcio, o que conseguiu em junho de 1977.
Eleito senador pela primeira vez em 1970, ele se despediu do Senado em 18 de janeiro de 1995. Em discurso, no qual chorou diversas vezes, disse ter sido derrotado pelo "Judas do Rio", referindo-se ao governador Marcello Alencar.
"Os traidores passam. Nós conhecemos agora a verdadeira fisionomia do Judas. Saio da vida pública não pela vontade do povo do Rio, mas pela vontade do Judas do Rio", afirmou Carneiro.
Nascido em Salvador a 8 de abril de 1910, Carneiro se formou em 1932 pela Faculdade de Direito da Bahia. Especializando-se em direito de família e sucessão, começou então a esboçar suas teses favoráveis ao divórcio.
Iniciou sua carreira política em 1929. Apoiou a Revolução de 1930 e a Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932.
Em 1945, filiou-se à UDN, pela qual se elegeu suplente de deputado federal. Assumiu uma cadeira na Câmara em abril de 1947.
Em 1950, foi eleito deputado federal. Foi o autor da lei que previa a equiparação da mulher casada ao marido. Em 1951, apresentou seu primeiro projeto de anulação do casamento.
Filiou-se ao PL em 1953. Não conseguiu se reeleger no ano seguinte. Transferiu-se então para o Rio, filiando-se ao PSD. Foi eleito deputado federal em 1958. Em 1961, foi o relator da emenda constitucional nº 4, que instituiu o parlamentarismo no país.
Reelegeu-se deputado em 1962 (pelo PSD) e em 1966 (pelo MDB). Em 1970, foi eleito senador pelo Estado da Guanabara, pelo MDB. Em junho de 1977, conseguiu aprovar a emenda do divórcio. Reelegeu-se em 78 e em 86.

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