São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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Dólar aumenta dívida interna

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A entrada de dólares no país voltou a ser uma das principais causas do aumento da dívida interna federal, hoje de R$ 108 bilhões. Essa dívida é a maior preocupação da equipe econômica e, por isso, é necessário controlar o fluxo de investimentos externos no país.
Quando entram dólares no país, cresce o volume de dinheiro em circulação na economia, o que é inflacionário. Para evitar a tendência de alta dos preços, o Banco Central é obrigado a vender títulos no mercado e retirar o excesso de dinheiro disponível.
Em janeiro, a entrada de dólares no país fez o total de moeda na economia crescer R$ 2,2 bilhões. Um volume correspondente de títulos públicos -dívida do governo- foi vendido aos bancos.
Como as contas públicas vivem seu pior momento desde o lançamento do Plano Real -o Tesouro voltou a ter déficit em janeiro, o que injetou mais R$ 2,4 bilhões no mercado-, é insustentável continuar atraindo tantos dólares.
Se os dólares adquiridos pelo BC rendessem o mesmo que os títulos da dívida interna, até seria um bom negócio. O problema é que as reservas do BC rendem abaixo de 10% ao ano aplicadas lá fora, enquanto os juros internos passam de 20% anuais.
Essa diferença atrai o capital especulativo. Cálculo do mercado aponta que o diferencial de agora pode gerar lucro anual de 18% ao investidor. Se o BC não tivesse reduzido as taxas na semana passada, o ganho chegaria a 30%.
Como em agosto de 95, o BC reluta em tomar medidas restritivas, avaliando que a imagem do país fica prejudicada. Naquele mês entraram US$ 5,8 bilhões, obrigando o BC a elevar a tributação.

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