São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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ETA mata socialista e perde arsenal

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O advogado socialista Fernando Múgica Herzog foi morto ontem em um atentado em San Sebastián, no país basco, norte da Espanha.
Ele era um dos fundadores do partido socialista local e irmão do ex-ministro da Justiça Enrique Múgica.
O grupo separatista ETA (Pátria Basca e Liberdade, na sigla em basco) é apontado como autor do atentado. Os dois jovens que fizeram os disparos fugiram correndo pelo centro de San Sebastián.
O ex-ministro é candidato nas eleições de 3 de março. O governo socialista espanhol havia advertido de que o ETA preparava novos atentados.
O atentado ocorreu no mesmo dia em que a polícia basca descobriu um arsenal dos separatistas em Pasajes. Havia vários quilos de explosivos, detonadores, três granadas, cinco bombas com dispositivos para acoplá-las a veículos, uma metralhadora e várias outras armas.
O apartamento onde estava o material fora alugado por Sergio Polo, suposto membro do ETA, que está foragido.
Também ontem surgiu uma crise diplomática entre a Espanha e a Bélgica por causa da extradição de dois separatistas. O governo belga se recusa a extraditar dois espanhóis detidos no país, Luis Moreno e Raquel Garcia.
Por isso, o embaixador da Bélgica em Madri foi chamado a dar explicações. Raquel e Moreno são acusados de participação na morte de um policial em Bilbao, em 92.
O tribunal belga que tomou a decisão disse não haver prova contra os dois, presos em 11 de janeiro, e mandou soltá-los.
Os dois acusados disseram em Bruxelas que não são membros do ETA e agradeceram ao governo belga por não ter cedido à pressão da Espanha.
Em represália, a Espanha decidiu interromper a cooperação judicial com Bruxelas. Até o Partido Popular, principal opositor do governo socialista, apoiou a decisão.
O premiê Felipe González considerou a decisão belga um incentivo aos crimes políticos na União Européia, da qual os dois países fazem parte.
O diário "El Mundo" disse ontem que o premiê Felipe González apoiou, em 1987, uma operação financeira que fez com que um amigo seu, Enrique Sarasola, tenha ganho US$ 66 milhões.
A operação incluiu uma permissão de González para que um grupo kuaitiano fizesse investimentos na Espanha, dos quais Sarasola teria sido beneficiado.
"El Mundo" é ligado ao Partido Popular e vem fazendo várias denúncias contra González, candidato à reeleição no próximo mês.
O candidato do PP ao cargo de primeiro-ministro, José María Aznar, favorito segundo as pesquisas, aproveitou o dia de ontem para fazer promessas típicas de campanha: reduzir impostos e diminuir a corrupção.
As denúncias de que González teria admitido que grupos paramilitares combatessem o ETA e tivesse conhecimento de escutas telefônicas elevou a popularidade de Aznar e fez com que as irregularidades no governo se tornem o principal assunto da campanha.

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