São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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Sérvios abandonam as negociações

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os sérvios da Bósnia cancelaram ontem todos os contatos com os muçulmanos e croatas do país. Eles prometem manter a decisão até que os militares sérvios mantidos como prisioneiros sejam libertados.
Na semana passada, o governo sérvio da Bósnia prendeu dois oficiais sérvios e outros homens em Sarajevo, dizendo que eles eram suspeitos de crimes de guerra.
Os sérvios também pediram que, quando as reuniões forem retomadas, elas ocorram em um local neutro.
A interrupção pode prejudicar os prazos do acordo de paz de Dayton, que prevê a existência de uma Bósnia unificada, mas dividida em uma federação muçulmano-croata e outra sérvia.
Dragan Bozanic, porta-voz dos sérvios da Bósnia, pediu a intervenção das tropas da Otan para libertar os sérvios.
Segundo os muçulmanos, o general Djordje Lukic e o coronel Alex Krsmanovic são suspeitos de estar entre os 52 acusados de crimes de guerra que podem ser julgados pelo tribunal da ONU em Haia (Holanda).
Em Davos (Suíça), o premiê bósnio, Hasan Muratovic, disse que a investigação será rápida e o grupo será solto se for inocente.
A Cruz Vermelha Internacional disse ontem que os muçulmanos libertaram cinco prisioneiros de guerra, mas ainda mantêm 88 em seu poder. Os prisioneiros foram soltos em Gorazde.
O presidente Alija Izetbegovic já havia prometido aos EUA soltar os prisioneiros no sábado, mas não explicou o atraso. Pelo acordo de paz, o prazo para a libertação de todos os prisioneiros de guerra venceu no dia 19, mas sérvios, muçulmanos e croatas não o cumpriram.
O comandante da Otan na Bósnia, almirante Leighton Smith, encontrou-se ontem pela primeira vez com o comandante militar da Croácia (país que apóia os croatas da Bósnia), Zivko Budimir.
"A parte militar do acordo de Dayton está se aplicando melhor do que esperávamos", disse Smith. Ele discutiu o apoio da Croácia à missão da Otan.
A finlandesa Elizabeth Renn, representante da ONU para os direitos humanos na região, discutiu ontem com os sérvios da Bósnia o suposto genocídio cometido em Srebrenica.
Ela comentou que se sente tão impressionada com a tarefa de encontrar os cadáveres que às vezes sonha que está desenterrando com as mãos as fossas comuns.

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