São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996 |
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Manobra extingue comissão e transfere votação ao plenário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Uma manobra conjunta entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), atropelou a comissão que discutia a reforma da Previdência e levou a discussão e votação do texto da emenda diretamente para o plenário da Câmara.FHC e Luís Eduardo consideraram que o governo tinha perdido o controle da comissão. A primeira de duas votações no plenário da Casa está prevista para ocorrer na primeira semana de março. A crise entre governistas e a comissão resultou na renúncia do deputado Jair Soares (PFL-RS) da presidência da comissão. Agora a reforma vai ser definida pelo plenário, com os votos de todos os deputados. A comissão especial, etapa preliminar da reforma, foi extinta ontem. A decisão foi uma iniciativa do presidente da Câmara, com base no regimento interno da Casa. Todos os prazos para a tramitação da emenda na comissão já estavam superados (leia texto abaixo). Para ser aprovada na Câmara, a proposta de emenda constitucional precisa do apoio de três quintos dos deputados (308 de 513) em duas votações distintas. O relator Euler Ribeiro (PMDB-AM) foi mantido na função, mesmo nessa fase de votação. Seu substitutivo (projeto que modificou e substituiu a emenda original do governo) será lido na terça-feira no plenário. Deve manter o mesmo texto apresentado ontem na comissão. "O acordo com as centrais será mantido na votação no plenário da Câmara", afirmou o deputado Benito Gama (PFL-BA), vice-líder do governo na Câmara. Depois da leitura será aberto novos prazos para apresentação de destaques à proposta. A transferência da votação para o plenário foi a saída encontrada pelo governo, que considerou não haver mais condições de aprovar a emenda na comissão especial. "Não se pode parar o processo por causa da obstrução na comissão. O ideal seria votar primeiro na comissão, mas, de qualquer forma, a votação iria para o plenário", afirmou Benito Gama. A decisão foi tomada pelos líderes governistas, com prévio conhecimento e incentivo de FHC, após a renúncia de Soares. A oposição ameaçava exigir uma nova eleição para escolher um novo presidente da comissão. Isso atrasaria mais a votação. Essa possibilidade de votação direta no plenário foi discutida, mas descartada em outras ocasiões. Os próprios governistas e o ministro Reinhold Stephanes (Previdência) avaliavam que passar por cima da comissão traria desgaste para o governo. Antes de a comissão se reunir ontem, os parlamentares, os ministros Reinhold Stephanes e Paulo Paiva (Trabalho) e as centrais sindicais tiveram nova reunião. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) pretendia voltar a negociar. Nem chegou a apresentar os pontos que queria revisar. Os líderes marcaram a reunião apenas para atender a um pedido do presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros. Medeiros ligou para as lideranças governistas reclamando que estava se sentindo excluído do debate. Na sua opinião, apenas a CUT estaria sendo ouvida. Às 11h30, a reunião foi interrompida para o início de votação do relatório na comissão especial. A votação não ocorreu e Luís Eduardo determinou a extinção da comissão especial. Texto Anterior: Entre mães e palhaços Próximo Texto: Regimento autoriza decisão Índice |
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