São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996
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REPERCUSSÃO

Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central: "Medidas restritivas já eram esperadas. Mas isso não significa mudança de política econômica. Restrições não são novidade. A novidade, agora, é que o governo aumentou a intensidade das restrições porque havia preocupação com a forte entrada de dólares, que tem um custo muito alto."

Luciano Coutinho, professor da Unicamp: "A redução do juro seria a melhor medida. Inviável, devido à defasagem cambial. O caminho é controlar a entrada de capital. As medidas não foram proibitivas para o capital externo, pois o governo precisa atraí-lo. Poderiam ter sido mais seletivas com prazos de investimentos."

Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp: "A medida de contenção à entrada de dólar deveria ter sido tomada antes e de forma mais drástica. O mercado internacional é favorável ao Brasil e o governo deveria ter se aproveitado disso para tentar melhorar a qualidade dos recursos externos que entram no país. Deveria ter colocado um prazo de permanência para todos os recursos."

Celso Hahne, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico: "A medida é importante pois inibe a entrada de capital especulativo. Mas o governo deveria ter tomado mais medidas para incentivar a entrada de dólar para investimento, dinheiro que só virá para o Brasil quando conhecer todas as regras e depois da reforma tributária."

Pratini de Moraes, presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil: "As medidas não são drásticas, mas sinalizam a preocupação do governo com a grande entrada de capital especulativo de curto prazo. Para o comércio exterior, essa entrada de dólares faz com que a taxa de câmbio não se mova, o que prejudica a competitividade das exportações."

Celso Scaramuzza, diretor-executivo do Unibanco: "Parto do princípio de que nenhuma restrição ao mercado é boa. Mas acho que as medidas adotadas não ferem a imagem do país no exterior. O capital de prazo mais longo, produtivo, e os investimentos em Bolsa foram preservados."

Paulo Guilherme Monteiro Lobato Ribeiro, presidente do Banco Real: "Não conheço os detalhes, mas as medidas não parecem duras. O governo tenta conter a entrada de dólares, mas o faz de uma maneira gradual, como sempre fez desde o Real. Foi mais uma sintonia fina, eles estão certos ao agir assim."

Fábio Nogueira, diretor de crédito imobiliário do Banco de Boston: "O governo fez bem em taxar em 10% os recursos que vierem de fora para aplicação imobiliária caso não sejam aplicados em seis meses após o ingresso. Assim, quem trazia recursos e os desviava para outras finalidades irá encontrar as portas fechadas."

Ney Castro Alves, presidente da Adeval (Associação das Distribuidoras de Valores): "O governo fez bem ao não taxar com IOF o capital externo que vem para aplicação em Bolsa, como fez com o dinheiro que vem para a privatização. Também agiu corretamente ao criar estímulos para os fundos imobiliários e para as empresas emergentes."

Roberto Nicolau Jeha, primeiro secretário da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo): "Há duas maneiras de conter a entrada de dólar para especulação no Brasil. A primeira é a redução dos juros, que faria com que o mercado se regulasse naturalmente. A segunda forma tem o problema de que o governo não pode mudar as regras à toda hora. As modificações de regras mais atrapalham que ajudam."

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