São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996 |
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Classificação revela ignorância
JOSÉ GERALDO COUTO
A lista da Biblioteca Pública de Nova York é assustadora, não tanto pelas omissões óbvias -Faulkner, Lévi-Strauss, Heidegger, Marcuse, Foucault etc.-, mas principalmente pela classificação das obras. Colocar uma obra-prima como "O Estrangeiro", de Camus, um dos relatos mais universais que existem, na categoria "Colonialismo", só porque a história se passa na Argélia, é de uma pobreza mental espantosa. Quanto à não-inclusão de autores de línguas menosprezadas, como Svevo, Cortázar, Pessoa ou Guimarães Rosa, ela é significativa da estreiteza de horizontes da cultura norte-americana. Não seria um favor a nós, coitadinhos, se eles conhecessem essas obras. Seria um favor a eles. Por mais extensas que sejam tais listas, elas lembram sempre aquelas de "livros do vestibular". É assim que os americanos vêem a cultura: leia isto e seja culto. Façam bom proveito. (JGC) Texto Anterior: Políticos se entregam à criação de 'fatóides' Próximo Texto: Roppongi quer reproduzir Japão ocidental Índice |
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