São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996
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Contratempos

Como todas as grandes reformas estruturais agendadas para este ano, as significativas diferenças entre os interesses das partes envolvidas na negociação da reforma da Previdência já faziam prever que dificilmente se chegaria rápida e pacificamente a um acordo final.
Porém, após a formulação de um primeiro consenso entre o Executivo e dirigentes sindicais no final de janeiro, o representante da CUT, Vicente Paulo da Silva, parecia ter dado alguns passos importantes no sentido de romper com a imagem de intransigência e sectarismo, até então invariavelmente associada à central que preside.
As concessões que Vicentinho soube fazer, atento à necessidade de preservar ao menos algumas conquistas históricas básicas dos trabalhadores, pareciam levar em consideração que, num contexto de drásticas transformações no mercado de trabalho, era insustentável a defesa de dispositivos que inviabilizam a Previdência e de outros que agravam o desemprego.
As sucessivas novas exigências verificadas desde então nos posicionamentos do líder da CUT, em atendimento às pressões de sua base sindical, parecem indicar que Vicentinho desde logo já optara pela estratégia de estabelecer inicialmente alguns pontos em comum para ir acrescentando, pouco a pouco, ao acordo firmado outros itens que atendem muito mais a demandas classistas específicas do que à necessidade de sobrevivência do sistema previdenciário.
Parece assim insistir em querer ver mais a árvore do que a floresta, sem lembrar que a sobrevivência da árvore depende da da floresta.

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