São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 1996
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Setor elétrico será dividido para venda

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As quatro estatais subsidiárias do Grupo Eletrobrás -Furnas, Chesf (Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco), Eletronorte e Eletrosul- deverão ser desvinculadas da holding controladora para venda individual à iniciativa privada, uma por uma.
Esta é a principal alternativa para a privatização do sistema elétrico brasileiro, conforme o documento sigiloso "Termo de Referência para a Desestatização do Sistema Eletrobrás", obtido com exclusividade pela Folha.
O documento foi elaborado por uma comissão interministerial e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Com base no documento, o Conselho Nacional de Desestatização -cujo núcleo central é formado pelos ministros Clóvis Carvalho (Casa Civil), Pedro Malan (Fazenda) e José Serra (Planejamento)- está concluindo o modelo definitivo de venda das empresas.
O BNDES também participa das discussões.
As outras duas alternativas de desestatização propostas pelo documento são: 1) a divisão da Eletrobrás com a criação da Eletropart, uma nova estatal que deteria os ativos privatizáveis do sistema; e 2) a licitação das concessões detidas hoje pelas subsidiárias, com a consequente extinção destas empresas.
Operação delicada
O sistema Eletrobrás é dono de cerca de 60% de toda a capacidade instalada de geração nacional de energia e de 85% de todas as linhas de transmissão de alta tensão.
Também é responsável por 50% de todo o investimento do setor elétrico nos últimos anos.
Esses números respondem por si só à delicada operação que será a transferência da Eletrobrás para a iniciativa privada, avalia o termo de referência.
"A eletricidade é um insumo para todas as atividades econômicas e bem social básico para a população. Não é estocável, nem passível de rápida importação em uma situação de carência de oferta interna", diz o documento.
Os técnicos observam que "qualquer atraso" nos investimentos em expansão da oferta (geração) -que são grandes e de longo prazo de maturação- "pode criar sérios obstáculos ao crescimento econômico e ao bem-estar social".
Opção
O documento defende a venda das subsidiárias como a alternativa "que no momento apresenta melhores perspectivas", desde que "precedida de uma ampla reestruturação empresarial, através da cisão destas empresas".
Essa alternativa é a que melhor atende os objetivos do governo de promover a separação das atividades de geração de energia (por hidrelétricas e termoelétricas) e de transmissão.
Essa ação é indispensável para se introduzir a competição entre as empresas geradoras, objetivo final da abertura do setor elétrico à iniciativa privada.

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