São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 1996
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Ruth Cardoso defende mudança feita na LDB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A primeira-dama Ruth Cardoso, presidente do Conselho do Programa Comunidade Solidária, disse ontem que não vê problemas na decisão do Senado de liberar as universidades da exigência de ter a maioria de seus professores com título de mestre e doutor.
A restrição estava prevista no texto do senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ) para a LDB, mas emenda do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) equiparou pessoas que têm especialização com os mestres e doutores, para fins de contratação nas universidades.
Darcy Ribeiro acha que a mudança foi "uma cagada séria". "Especialização é qualquer coisa, até curso para tirar unha encravada", afirmou ele.
"Tenho que discordar do meu amigo Darcy", disse Ruth Cardoso, que é professora aposentada de antropologia da USP (Universidade de São Paulo). "Especialização é uma coisa séria e, mesmo sem a lei, a maioria das universidades públicas não está contratando quem tem menos que doutorado".
João Carlos Di Genio, reitor da Unip (Universidade Paulista) e proprietário do Colégio Objetivo, espera que o novo Conselho Nacional de Educação torne a especialização mais rigorosa, com carga horária de ao menos 800 horas.
Ele é contra, porém, a exigência original de uma maioria de professores com mestrado e doutorado.
Segundo Di Genio, em carreiras mais próximas do mercado de trabalho é difícil conseguir mestres e doutores formados para dar aulas.
"Direito tem apenas cinco cursos de doutorado no país, que formaram 149 doutores em 1993 (dados mais recentes). Isso para 190 mil alunos matriculados na graduação", avalia o empresário.
Para o ministro Paulo Renato Souza (Educação), o Conselho Nacional de Educação pode também fixar quotas para a porcentagem específica de mestres, doutores e pessoas com especialização, ao regulamentar a LDB.
O dispositivo atual, porém, ainda corre o risco ser derrubado na Câmara. O deputado Severiano Alves (PDT-BA), presidente da Comissão de Educação, é contra.
"Eu tenho especialização em direito e não acho que possa me equiparar a um mestre", diz.
Na sua avaliação, até março o projeto pode ser votado pela Câmara (onde começou a ser discutido há sete anos) e virar lei.

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