São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 1996
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New age dos anos 90 garante mercado fiel

MÔNICA MAIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Relaxante mas lucrativa, a new age ganha novos rótulos e garante vendas comparáveis à de medalhões como os Rolling Stones.
O último disco da irlandesa Enya, lançado há dois meses, já emplacou 120 mil cópias. A harpista canadense Loreena McKennit, uma das sacerdotisas do gênero, com discos na marca dos 60 mil exemplares vendidos, lança seu sexto CD, com canções inglesas de mais de um século. A chinesa Dadawa junta-se a este mercado popularizando mantras tibetanos com o CD "Sister Drum".
Vendidos hoje como "música transcendental", "unio music", "space music" ou até como "world music", os sons da nova era movimentam grandes projetos e bons negócios. Um deles é inaugurado com "Voyager", título do primeiro CD de uma série da gravadora Warner.
"O projeto 'Voyager' é concebido para o mercado internacional. Foi produzido na Alemanha. A série de quatro CDs visa a exportação", diz o compositor Sergio Pomerening, 35, coordenador da série. Ele contou com a participação do violonista Turíbio Santos nas gravações de "Voyager" e prepara um pacote.
"O segundo projeto, chamado 'Lux', é mais pop. Começa com o disco 'Cross the Future' com o grupo Enigma, que será lançado em quatro meses. O terceiro disco, 'Amazon', em parceria com Turíbio Santos, traz ritmos brasileiros", diz Pommerening. O compositor promete ainda um CD de clássicos em versão new age.
A nova new age
Com 50 mil ouvintes nas noites de domingo, o programa "Exploratorium", na Rádio Eldorado FM, deverá alcançar 20 capitais a partir de maio.
"Pretendemos expandir o programa. O termo 'new age' ficou mal utilizado. Prefiro chamar de 'world Music' porque hoje há uma inspiração em sons reelaborados de culturas primevas", diz Mirna Grzich, produtora e apresentadora do programa "Exploratorium".
Ela é uma das precursoras da new age no país. Há nove anos Mirna divulgava a griffe com o programa "Música da Nova Era", apresentado em rádios do Rio, São Paulo e Belo Horizonte.
A época foi marcada pelos discos da gravadora californiana Windham Hill, do guitarrista William Ackerman. Era uma trilha de sons relaxantes, como os do músico Steve Halpern. Música com pretensões terapêuticas.
Segundo especialistas, eram trabalhos com características sonoras emprestadas do minimalismo.
"Não levava harmonias e sequências lógicas. O ouvinte esquecia do que escutou", diz Sergio Pommerening, adepto do rótulo "música transcendental". "Este som tem apelo harmônico e sequências lógicas", diz Pommerening.
"O movimento foi engolido e descaracterizado pela indústria fonográfica, confundindo e gerando preconceitos", diz Grzich.
Os astros da nova new age incluem sonoridades das tradições celta e medieval, cantos gregorianos e árabes, ragas indianas e mantras tibetanos. Esse mix está na fórmula da new age dos anos 90.
"Loreena McKennit é a artista mais completa. Se inspira em culturas tradicionais. Sabe misturar influências com elegância. Queremos trazê-la outubro para um concerto no festival 'Imaginário' ", diz Grzich.

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