São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
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Vôlei de praia escala dunas pelo ouro

RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Ganhar uma medalha olímpica exige esforço, mas nenhum é tão interessante quanto o planejado pelas duas duplas brasileiras de vôlei de praia classificadas para Atlanta.
Escalar e descer dunas é um dos itens que as parcerias Franco/Roberto Lopes e Zé Marco/Emanuel incluíram em sua preparação para a Olimpíada, em julho.
Os exercícios nas montanhas de areia, que podem chegar a 50 m de altura, têm como função condicionar o atleta a um trabalho físico contínuo por um período de tempo longo, situação similar a um dia de competições.
Nas mesmas dunas também acontecem baterias de corrida rápidas, que visam aumentar a velocidade dos jogadores.
"A subida das dunas faz parte da segunda fase do treinamento. Antes, vem um período de musculação e controle da alimentação, para diminuir o teor de gordura no corpo", diz Rossman Cavalcanti, preparador físico da dupla Franco/Roberto Lopes.
Uma pessoa adulta possui entre 12 e 16% de gordura em sua massa corporal -quem ultrapassa os 25% é considerado obeso. Mas os atletas profissionais chegam a um bom nível quando têm de 9 a 11% de gordura em seu corpo.
A atividade nas dunas fica facilitada pelo local onde as duplas treinam.
Os cearenses Franco e Roberto Lopes ficam na praia do Futuro, em Fortaleza, enquanto o paraibano Zé Marco e o paranaense Emanuel se preparam na praia de Tambaú, em João Pessoa, Paraíba, locais onde existem muitas dunas.
"O Nordeste brasileiro é e continuará sendo o centro do vôlei de praia no Brasil. O relevo e o clima ajudam", afirma Cavalcanti.
Concorda com ele o sulista Emanuel. "Tive que assumir meu lado nordestino quando cheguei à Paraíba", disse.
O Rio de Janeiro projetou o esporte nacionalmente, mas o Nordeste tornou-se o pólo onde se concentram as principais duplas.
Encontrar um lugar com sol é o grande problema, por exemplo, para as duplas européias.
Para elas, metade do ano está perdido, porque o clima frio impossibilita a prática da modalidade no continente europeu.
A saída é jogar vôlei em ginásios. A outra opção é viajar para as Canárias, ilhas espanholas perto do litoral africano.
É para lá que vão as duplas espanholas, holandesas, norueguesas e até as argentinas, que fogem da fria Mar del Plata.
Terminando a temporada 95/96 como líder e vice-líder mundiais, condição que concedeu as vagas olímpicas, as duplas do Brasil vão ganhar um período curto de férias.
Depois recomeçam as seis horas de treinamento por dia.
O calendário 96/97 do circuito mundial da modalidade deve incluir sete etapas antes da Olimpíada, mas os brasileiros devem abdicar de algumas para se preparar melhor para Atlanta.
"Vamos competir só em três etapas, sendo que a última vai ser em Hermosa Beach, na Califórnia, dez dias antes da Olimpíada", afirma Zé Marco.
A dupla Franco e Roberto Lopes tem ainda outra preocupação nos treinamentos para Atlanta: não deixar que os afazeres como empresários atrapalhem na preparação.
Os dois inauguraram em outubro do ano passado uma academia chamada Centro de Atividades Avançadas, em Fortaleza.
Lá é o lugar onde eles fazem parte do treino e todos as atividades com aparelhos de musculação.
Mas o burburinho dos alunos da academia é constante. No local são dados cursos de vários esportes, entre eles o próprio vôlei de praia.

NA TV
Final da etapa carioca do circuito mundial, Globo, ao vivo, às 10h

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