São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
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China anula fatores que extinguiram URSS

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Embora ameaçada pela nuvem do separatismo, a China não corre o risco de ter destino igual ao da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Ou seja, entrar para a história como uma potência que se pulverizou em vários países.
Há várias diferenças entre os dois. Primeiro: a URSS se apresentava como uma união de 15 repúblicas, que, no auge do poder soviético, não tinham autonomia e eram comandadas por Moscou.
Mas a crise do regime comunista, acelerada pelo declínio econômico, abriu a brecha para as elites regionais se aproveitarem da fraqueza de Moscou e abocanharem independência.
As fictícias repúblicas soviéticas dispunham das estruturas embrionárias para ganharem vida própria, como Parlamento e Presidência, ou guardavam ainda recente tradição de independência, como Lituânia, Letônia e Estônia.
O separatismo soviético contou com a falência do regime, o que não se prevê para a China, pelo menos a curto prazo.
A China não corresponde a uma união de repúblicas. Organiza suas minorias em 156 "regiões autônomas", entre as quais cinco são Províncias, e o restante, estruturas locais de poder.
Outra diferença: os soviéticos tiveram apoio internacional, o que não acontece com as minorias chinesas, exceto com os tibetanos.
A China enfrenta problemas localizados. Os maiores desafios partem de tibetanos, muçulmanos do Xinjiang e mongóis.
Cada uma dessas etnias vive numa Província batizada de região autônoma. Somadas, correspondem a 42,5% do território chinês, pedaço que o Partido Comunista não quer nem pensar em perder.

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