São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996 |
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Jogos de guerra "Bella matribus detestata..." (as guerras odiadas pelas mães). O verso de Horácio descreve de maneira sutil e sensível os horrores das guerras. Paradoxalmente, porém, guerras são momentos em que se materializam notáveis avanços científicos que mais tarde acabam beneficiando toda a humanidade. As propriedades antibióticas do Penicillium notatum (penicilina), por exemplo, haviam sido descobertas em 1928 por sir Alexander Fleming, mas foi só em 1940, na 2ª Guerra, que pesquisadores desenvolveram uma droga injetável e com valor terapêutico. Analogamente, foi graças aos esforços para construir a bomba atômica que o homem passou a conhecer melhor e usar a energia nuclear, tanto para geração de energia elétrica como para a medicina. Como mostra o caderno Mais! da edição de hoje, os computadores, responsáveis pela grande revolução tecnológica das últimas décadas, também só se concretizaram com o esforço de guerra. O primeiro computador, o Eniac, foi desenvolvido com o propósito de fazer cálculos balísticos. Era uma geringonça que ocupava uma área de 93 metros quadrados (um apartamento de três quartos) e tinha 17 mil válvulas. Estava capacitado a realizar 5.000 adições por segundo. Na época, uma revolução. Hoje um microcomputador pessoal que cabe numa bolsa é mil vezes mais potente, fazendo 5 milhões de operações por segundo. Supercomputadores científicos mais poderosos, como o Cray, são capazes de realizar até 1 trilhão de instruções por segundo. Essa brutal capacidade de processar informações vem transformando o mundo, e de forma bastante ambígua. É inegável que o computador permite formidáveis ganhos de eficiência e facilita muito a vida das pessoas, que podem realizar as mais diversas tarefas sem nem mesmo sair de casa. De outro lado, porém, ele é um dos ingredientes do tão temido desemprego estrutural, o grande desafio do mundo neste fim de século, o preço amargo a pagar pelo progresso. Resta saber se, com o auxílio dessas fabulosas máquinas, o homem finalmente encontrará uma solução para o problema. Parece bastante improvável. Texto Anterior: Mão visível Próximo Texto: Problemas na LDB Índice |
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