São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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NBA supera trauma e já aceita a Aids nas quadras

MELCHIADES FILHO
ENVIADO ESPECIAL A SAN ANTONIO (TEXAS)

As principais estrelas do basquete do mundo se dizem amadurecidas e dispostas a conviver na quadra com o vírus da Aids.
A discussão veio à tona no 46º All-Star Weekend, festa-competição que reuniu, no fim-de-semana, os melhores jogadores da NBA.
Tudo porque, no último dia 30, uma das legendas da liga profissional norte-americana voltou a jogar, apesar de portar o vírus HIV.
Pentacampeão da NBA nos anos 80, Magic Johnson, 36, já participou de quatro partidas em seu retorno ao LA Lakers.
Ele abandonara o time em 1991, quando descobriu estar infectado.
Na ocasião, atletas da NBA se manifestaram contrários a enfrentá-lo. O ala-pivô Karl Malone (Utah) foi o porta-voz deles.
Neste fim-de-semana, Malone, em seu oitavo All-Star Game, disse à Folha que mudou de opinião.
"Aprendi muito nesse tempo. Magic é um dos maiores jogadores da história. Sua volta é uma injeção de ânimo à NBA", declarou.
O superastro Michael Jordan (Chicago) concordou: "Trata-se de uma resolução bem pensada. Eu desejo a ele muita sorte".
Desde que Magic anunciou estar infectado, em 91, a NBA adotou quatro medidas de prevenção:
1) se um jogador estiver sangrando, o árbitro deve interromper o jogo e exigir a saída dele de quadra. A ferida deve ser tapada;
2) todos aqueles que tiverem encostado no sangue devem se lavar com detergentes que inibem os vírus da Aids e da hepatite;
3) médicos e preparadores físicos precisam usar luvas quando tratarem jogadores sangrando;
4) se o uniforme estiver manchado de sangue, precisa ser trocado imediatamente.
O dirigente da NBA, David Stern, assentou pessoalmente o caminho para o retorno de Magic.
"Não há razão para impedir sua volta -teríamos que examinar todos os jogadores, caso contrário. E não permitiremos essa espécie de caça às bruxas", afirmou.
Stern sabe que Magic traz diversão e dinheiro. A audiência na TV dos jogos dos Lakers dobrou.
Quando o atleta anunciou ser portador do HIV, seus patrocinadores se afastaram -entre eles, Nestlé, Spalding e Pepsi. Hoje, algumas empresas já mostram interesse de usar a imagem do jogador -Reebok e Kodak, por exemplo.

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