São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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'Dente...' traz altos e baixos do Blues Etílicos

SÉRGIO TEIXEIRA JR.
EDITOR-ADJUNTO DE EXTERIOR

As 17 faixas de "Dente de Ouro", o novo CD do Blues Etílicos, têm um pouco do melhor e do pior dos quase dez anos de carreira da banda.
Voltaram as letras em português, língua que está para o blues como o japonês está para o samba. Mas as faixas na língua pátria não chegam a ser um desfile de um grêmio recreativo escola de samba em Tóquio -ou seja, desastre.
A faixa-título é uma experiência interessante: uma música de roda de capoeira bluesada à força com a gaita distorcida de Flávio Guimarães e o slide de Otávio Rocha, com uma levada marcada por berimbaus e congas.
É tentar atingir o autêntico blues brasileiro -misturar a música dos escravos daqui com a que os dos EUA faziam.
A outra exceção é a acústica "Canceriano sem Lar", de Raul Seixas, que funciona bem por causa de sua letra nonsense total.
Mas as outras letras em português doem no ouvido: "Nessas horas digo para mim mesmo: 'nunca mais vou beber'/mas vem caindo a tardinha/preparo outra caipirinha" ("O Sol Também me Levanta").
O CD tem momentos 100% Blues Etílicos, como o boogie "It's My Soul". "It Ain't Easy" e a versão de "Little Martha", dos Allman Brothers, lembram o melhor de "San-Ho-Zay", o terceiro e melhor álbum da banda.
E tem a gaita de Guimarães, nervosíssima e cada vez melhor, como nas instrumentais "Dromedário" e "Cachorrada", o que torna todos os CDs da banda bons CDs de blues.

Disco: "Dente de Ouro"
Conjunto: Blues Etílicos
Lançamento: Excelente
Preço: R$ 20 (o CD, em média)

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