São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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Fermento possível

Discute-se a iniciativa de sindicalistas e empresários em favor da flexibilização, ainda que temporária, do contrato de trabalho.
Como sempre, há quem veja na proposta mais uma artimanha conspiratória do "capital" contra o "trabalho", negando o óbvio: trata-se de uma proposta compartilhada por sindicalistas e empresários e com simpatias declaradas no governo. Há também quem veja nesse expediente emergencial o princípio do fim, o estopim irreversível da eliminação de direitos sociais.
Em primeiro lugar é preciso reconhecer a oportunidade do debate e a urgência de se gerarem empregos. Não se trata de resolver a questão da informalidade ou de reverter a tendência estrutural ao desemprego. Trata-se apenas, e isso já é muito, de abrir novos espaços para que a busca de soluções mais duradouras tenham vez.
O crescimento econômico é condição necessária, ainda que insuficiente, para uma autêntica recuperação do emprego. O crescimento, por sua vez, depende de investimentos, redução do déficit público e distribuição de renda.
Se não é uma solução definitiva, o contrato de trabalho temporário pode muito bem servir de fermento para que esse bolo cresça.

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