São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996 |
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Protestos congestionam telefones dos deputados
PAULO SILVA PINTO
A Folha publicou ontem a lista e os telefones de 224 parlamentares que assinaram o pedido para que o IPC seja mantido. O texto pede a supressão do artigo 15 do substitutivo apresentado pelo relator Euler Ribeiro (PMDB-AM), exatamente o que prevê que o IPC será matéria de uma lei complementar. Sem o artigo 15, o IPC pode ficar exatamente como está, embora alguns dos signatários afirmem que é preciso eliminar o artigo para depois extinguir o instituto por meio de lei ordinária (leia reportagem nesta página). Zulaiê A deputada federal Zulaiê Cobra (PSDB-SP) foi a que disse ter recebido mais ligações, "mais de cem", afirmou. Ela não atendeu ninguém e pediu que seus assessores explicassem que ela é contrária à manutenção do privilégio, apesar de ter assinado o pedido de Nilson Gibson. Enquanto seus funcionários enfrentavam os eleitores, Zulaiê ficou em outro aparelho, de onde ligou para 40 pessoas, entre elas o jornalista Boris Casoy e a apresentadora Hebe Camargo. "A idéia de que eu apóio o privilégio dos deputados, que é falsa, me prejudica muito. Eu sou pré-candidata à Prefeitura de São Paulo", disse a deputada. Mellão Outro gabinete no qual o telefone não parou de tocar foi o do deputado João Mellão Neto (PFL-SP). "Ele tem muitos eleitores que são assinantes de jornal", afirmou a secretária de Mellão, Ângela Regansso. Segundo ela, o gabinete do deputado em Brasília recebeu 30 ligações. O escritório do deputado em São Paulo, que não teve o número de telefone divulgado no jornal, recebeu mais oito ligações. João Mellão se diz contrário à manutenção do IPC, a mesma posição do deputado Márcio Fortes (PSDB-RJ) -outro que assinou o pedido de Gibson. Ontem foi um dia calmo na Câmara. A maioria dos deputados viajou cedo para seus Estados. Mas os funcionários do gabinete de Delfim Netto (PPB-SP) estão entre os que tiveram um expediente agitado. "Ligou gente demais (reclamando do apoio à emenda). Só eu atendi 11. Depois, parei de anotar", disse o funcionário Leônidas Oliveira. O gabinete do deputado Adhemar de Barros Filho (PPB-SP) recebeu cerca de dez ligações, segundo o chefe de gabinete, João Alencar. "As pessoas se identificaram como eleitores, dizendo que estavam indignadas", afirmou ele. O gabinete do deputado Laprovita Vieira (PPB-RJ) recebeu duas ligações, uma do Rio e outra de São Paulo. A última foi de um fiel da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o deputado é pastor. Texto Anterior: Escolha discreta Próximo Texto: Iniciativa de Gibson causa confusão na Câmara Índice |
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