São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996
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Banerj pode fechar o ano com prejuízo

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro), que está em processo de saneamento para ser privatizado, pode fechar este ano com prejuízo.
A informação é do Banco Bozano, Simonsen, responsável pelo processo de saneamento do banco estadual.
O contrato entre o Bozano e o governo do Rio prevê que o gestor do Banerj será remunerado mesmo que o banco estadual tenha prejuízo, desde que menor que o de dezembro de 95.
O presidente do Bozano, Paulo Ferraz, 41, disse à Folha que sua missão é colocar o banco "no ponto de equilíbrio operacional".
Ferraz acrescentou que espera equilibrar as operações do banco já no final deste semestre, o que possibilitaria a privatização do Banerj ainda este ano.
Em entrevista exclusiva, o presidente do Bozano disse que o Banerj já demitiu 1.870 empregados e espera demitir mais 300, fechando o quadro de pessoal em 9.330 empregados. A seguir, os principais tópicos da entrevista:

AGÊNCIAS
"A rede de agências já está com seu tamanho definitivo. São 199 agências e 106 postos de serviços. Foram fechadas 19 agências e nenhum posto."
PESSOAL
"O número de demissões voluntárias foi em torno de 15% do pessoal, o mesmo que conseguiram Banco do Brasil, Banrisul e outros. Tivemos que fazer esse plano logo porque as pessoas estavam angustiadas."
"Hoje, o número de adesões está em 1.200. Calculamos que, entre 1.500 que faltam entregar os formulários, tenhamos mais 300 adesões. Tivemos mais cerca de 600 demissões por fechamento de agências e 70 pessoas por atitudes inadequadas."
"Restam cerca de 9,5 mil empregados (9.330). Esse é o número com o qual a gente vai trabalhar."
BALANCEAMENTO
"Todas as agências do Banerj dão prejuízo. Existe também desbalanceamento na rede. Tem agência com pessoal demais. Tem agência uma ao lado da outra."
CONTRATOS
"Passamos uma ordem desde o início: não compramos nada que não seja a valor de mercado."
"Dedicamos tempo para os grandes contratos, nas áreas de transporte de valores, processamento de cartões de crédito e informática. A economia foi da ordem de US$ 40 milhões, anualizados. Agora podemos tocar o restante. Conseguimos reduções entre 25% e 30%, o mesmo que conseguimos em empresas como Usiminas e Cosipa."
DECRETO
"A lei 8.666 (das licitações para contratos no setor público) tem maneiras de você trabalhar como o setor privado? Tem. Porém, se os fornecedor cartelizam e jogam pesado juridicamente, você fica com problema. O que houve foi, da parte do governo estadual, a busca de uma maneira de ajudar nesse processo."
"Enquanto o decreto vigorou, nós batemos no transporte de valores. E, a partir daí, reduziu-se os preços, dentro das normas da 8.666. (sobre o decreto do governador Marcello Alencar, considerado inconstitucional e, depois, revogado, que dava ao Bozano liberdade para agir como se o Banerj já fosse privado)."
VENDA DE TERRENOS
"Se você encontrar comprador para imóveis, o Banerj tem um monte que são do patrimônio operacional, fora dos limites da 8.666, e que não têm comprador."
"Como é que alguém pode ter pensado que o objetivo do decreto era vender a sede do Banerj? O terreno da avenida Paulista, eu tomei conhecimento porque o governo do Estado nos alertou que poderia estar havendo negociação em torno dele."
"Eu já ouvi 50 histórias sobre esse terreno. Se um dia se tiver que ser feito um negócio, ele será analisado de forma transparente e pública. A venda dos imóveis do Banerj não resolve os problemas do banco, portanto, não está no topo das nossas prioridades."
EQUILÍBRIO
"Se a gente não botar o Banerj em ponto de equilíbrio operacional, ninguém vai comprá-lo. Isso não quer dizer que você consegue não ter prejuízo no ano."
"Eu posso conseguir o equilíbrio no último dia. Óbvio que estamos trabalhando para ser o mais cedo possível. Tenho esperança de chegar ao final de junho no ponto de equilíbrio. Se não conseguir esse equilíbrio, o ônus é da minha imagem."

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