São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996
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Pedidos de falências devem bater novo recorde neste mês em SP

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Fevereiro deve fechar batendo um novo recorde no número de pedidos de falência de empresas na cidade de São Paulo.
Nos primeiros 15 dias do mês, foi solicitado o encerramento das atividades de 856 empresas junto à Justiça, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Esse número já supera o total registrado em janeiro inteiro (802 falências requeridas) e é mais do que o triplo do que foi computado na primeira quinzena do mês passado (277).
O total de pedidos de falência registrados nas duas primeiras semanas de fevereiro supera todos os meses fechados de janeiro de 1960 a junho de 1995. Perde só para fevereiro de 1992, com 950 pedidos.
Se for mantido o ritmo atual de 78 pedidos por dia, este mês deve fechar com 1.402 falências, batendo um novo recorde.
"Fevereiro provavelmente vai superar o recorde histórico", diz Marcel Solimeo, economista da entidade.
O recorde de falências requeridas foi atingido em dezembro de 1995, com 1.329 pedidos.
Crédito
O repique dos pedidos de falências é um sintoma de que as medidas de flexibilização adotadas pelo Banco Central no final de 1995 não fizeram com que o crédito chegasse ao caixa das pequenas empresas, diz Elvio Aliprandi, presidente da ACSP.
Também o número de empresas que tiveram o fim das suas atividades determinado pela Justiça disparou no período.
Entre os dias 1º e 15 de fevereiro, foram decretadas 57 falências, contra 12 em igual período de janeiro e 19 na primeira quinzena de fevereiro de 1995.
Segundo Solimeo, não são só as empresas novas que estão entregando os pontos.
Levantamento feito desde outubro de 1995 mostra que mais da metade das empresas que têm a falência decretada estão há mais de cinco anos em funcionamento.
Além disso, mais de um terço delas abriu as portas antes do Plano Cruzado, em fevereiro de 1986.
Na busca de alívio para a situação financeira das empresas, a entidade já encaminhou pedidos ao governo federal e estadual para prorrogar os prazos de pagamento dos impostos, encurtados no período de inflação alta.
"Ampliando-se os prazos, evita-se que o empresário tenha de buscar dinheiro nos bancos para pagar impostos", diz Aliprandi.
Apesar do repique no número de falências, os indicadores mostram que o volume de vendas físicas segue tendência de alta.
As consultas dos comerciantes ao Serviço de Proteção ao Crédito, para saber se o cliente é bom pagador do crediário, aumentaram 4,4% entre os dias 1º e 14 deste mês, em relação a igual período de janeiro. Na comparação com fevereiro de 1995, a alta é de 1,4%.
Também o volume de vendas à vista, medido pelas consultas ao Telecheque, aumentou 37,6% neste mês sobre fevereiro de 1995 e 11,5% sobre janeiro deste ano.

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